Varejo nas mãos do capital estrangeiro

A concentração do varejo nacional nas mãos do capital estrangeiro está exigindo a profissionalização da gestão nas pequenas e médias empresas. Depois de dominar o varejo nos grandes centros urbanos brasileiros, redes como Wal-Mart, Carrefour, Sonae, Makro e Bom Preço começam a buscar mercado nas cidades de médio porte, ameaçando a sobrevivência das pequenas e médias empresas nessas praças.

“A concentração do varejo nas mãos de poucas empresas exige dos empreendedores de estruturas empresariais familiares uma reciclagem de visão e conhecimento, buscando novas práticas de negócios para a manutenção da sua capacidade competitiva”, afirma José Lupolli Júnior, coordenador do Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA/USP).

O avanço das grandes redes internacionais no varejo brasileiro é comprovado por pesquisas. Há cinco anos, entre as dez maiores redes de varejos em atuação no mercado brasileiro, quatro eram de capital nacional. Hoje, apenas uma entre as dez maiores redes de varejo é brasileira.

Mestre e doutorando em Administração e Estratégia Empresarial, Lupolli participou ontem da XIII Convenção Anual da Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Paraná (Faciap), ministrando palestra sobre “Tendências do Varejo”.

Ele garante que as grandes redes varejistas vão ampliar sua participação no mercado brasileiro buscando espaço nas cidades de médio porte. “Ainda existe muito mercado no Brasil para essas redes. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma rede varejista de porte médio possui cerca de 1.200 lojas. No Brasil, as grandes redes ainda possuem apenas 120 lojas. Para aumentar o ganho em escala, essas redes vão abrir novas lojas e o comércio estabelecido nas médias e pequenas cidades precisa antecipar esse cenário e preparar-se para a concorrência”, alerta.

Segundo Lupolli, algumas grandes marcas brasileiras sucumbiram por não promover esse up grade. No Paraná, a rede Hermes Macedo é um exemplo disso. Em contrapartida, outras redes, como o Magazine Luiza e a Via Veneto, buscaram a profissionalização das suas estruturas, levando seus empreendedores e executivos de volta aos bancos escolares.

Lupolli destaca a necessidade dos empresários e executivos aprenderem conceitos de marca e layout, visão do negócio, práticas de qualidade na prestação de serviços e gerenciamento financeiro, entre outras competências, para garantir a sua fatia de mercado.

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