O presidente da Vale, Murilo Ferreira, garantiu nesta terça-feira, 16, que a companhia só irá fazer a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de sua divisão de metais básicos caso o mercado não reconheça o real valor dos ativos. “Não estamos atrás de recursos”, afirmou o executivo, ao ressaltar que o importante é destravar o valor dos ativos no segmento.

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“Tem investidores nos procurando agora mostrando as maravilhas do negócio de metais básicos, que estavam escondidos antes do anúncio da Vale.” No passado, lembra Ferreira, alguns bancos chegaram a sugerir que a companhia vendesse os ativos de metais básicos por cerca de US$ 7 bilhões. Atualmente, o IPO já estaria precificado entre US$ 28 bilhões e US$ 35 bilhões.

O presidente da Vale explica que, caso bata o martelo e decida fazer o IPO, a preparação para a oferta levaria de 6 a 8 meses.

Desinvestimento

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Os desinvestimentos acordados pela Vale em 2014 somam US$ 4,4 bilhões, contra um total de US$ 6 bilhões levantados no ano passado. O principal negócio fechado pela mineradora foi a venda para a japonesa Mitsui das operações de carvão e logísticas em Moatize, em Moçambique. O negócio anunciado na semana passada deverá liberar US$ 3,7 bilhões do caixa da Vale.

A conta inclui também US$ 600 milhões obtidos com a venda de navios mineraleiros Valemax, US$ 90 milhões da venda da participação no fundo Vale Florestar e US$ 42 milhões da operação da Fosbrasil. Nem todo o volume referente às operações fechadas entrou no caixa da empresa em 2014.

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Murilo Ferreira afirmou que ainda há muito a fazer em termos de venda de ativos não estratégicos. Entre outras operações possíveis para levantar recursos em 2015, ele destacou a venda de fatia da companhia na empresa de bauxita Mineração Rio do Norte (MRN) e a reorganização estratégica dos ativos de fertilizantes, em que a Vale busca um parceiro internacional.

O diretor executivo de Finanças da Vale, Luciano Siani, lembrou ainda que a companhia seguirá na estratégia de se desfazer de navios Valemax, desde que obtenha acordos de afretamento de longo prazo com parceiros na China e melhores condições de frete. Em 2014 a Vale transferiu quatro navios para a Cosco, tendo como contrapartida seu arrendamento por 25 anos.

A Vale ainda tem 15 navios Valemax próprios que deverão se negociados. Nas contas de Siani isso poderá render para a companhia entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. “O importante é garantir benefícios em termos de frete e ter o navio disponível por longo prazo a um custo baixo”, disse Siani.

Questionado se esses acordos abriram os portos chineses para os Valemax, o presidente da Vale afirmou apenas que a companhia tem atuado em compliance com as regras internas da China.