Vale briga com chineses por reajuste no preço do minério

As negociações entre mineradoras e siderúrgicas para o reajuste do preço do minério de ferro este ano vêm se revelando um verdadeiro cabo-de-guerra. As siderúrgicas chinesas, tradicionalmente as primeiras a fecharem os acordos – que depois passam a ser a referência mundial – vêm esticando as negociações na esperança de que uma crise mundial faça diminuir um pouco a demanda pelo minério. As mineradoras têm mais pressa, e argumentam, para conseguir o reajuste que desejam, que estão tendo dificuldades para atender à demanda. Provas disso seriam os constantes congestionamento nos portos, como os que vêm forçando a Vale a cancelar os embarques.

De acordo com operadores do mercado asiático, a Vale já cancelou as entregas de aproximadamente 5 milhões de toneladas previstas para o primeiro trimestre do ano chinês – o que poderia ser uma forma de pressão. A Vale diz, no entanto, que as entregas foram adiadas, e não canceladas. Segundo a empresa, o adiamento se deveu a problemas em dois portos brasileiros: Itaguaí e Guaíba, ambos no Rio.

Segundo o jornal australiano Australian Financial Review, a Baosteel, maior siderúrgica chinesa, decidiu, por sua vez, suspender as negociações com as mineradoras BHP Billiton, Rio Tinto e Vale. Um operador da Bolsa de Metais de Xangai observou que, antes do início das conversações, os chineses estavam dispostos a aceitar um aumento de até 30% nos preços. Mas, como as mineradoras pediam um ajuste de pelo menos 50%, as negociações emperraram. Fontes da indústria na Austrália afirmaram que a Vale propôs, na verdade, um aumento de 70% sobre os preços contratados atualmente, mas a empresa brasileira não confirmou o porcentual.

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