Um assalto! São os juros no Brasil

São Paulo

– O vice-presidente da República, José Alencar, reforçou ontem as críticas que tem feito com freqüência às altas taxas de juros do País. Ele insistiu que a tendência é de queda da taxa básica ao longo do ano, mas alertou que a inflação ainda preocupa o governo. “Esses juros são um assalto”, afirmou o vice-presidente durante premiação a companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Ele tachou de “absurdo” que o brasileiro comum tenha que se comprometer com taxas de juros de 8% ao mês.

Alencar apontou que os juros altos prejudicam também as empresas, principalmente as que, mesmo com bom desempenho operacional, são pouco capitalizadas. Ontem foi divulgada pesquisa mostrando que as micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo tiveram este ano o pior primeiro trimestre em termos de faturamento e postos de trabalho desde 1998, por conta principalmente da alta taxa de juros.

O vice-presidente, que é dono da Coteminas, uma grande exportadora de produtos têxteis, ressaltou ainda o efeito negativo dos juros sobre as vendas externas. “O ideal é que as taxas de juros fiquem iguais às dos países com que a gente compete nas exportações, mas o governo ainda está preocupado com a inflação”, declarou. Ele elogiou a atuação do governo no combate à inflação e afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está atento ao desenvolvimento do setor produtivo.

Alencar evitou fazer projeções do resultado da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que define os juros. A taxa está atualmente em 26,5%, o maior patamar desde maio de 1999. Apesar de ter defendido um cenário de juros mais favorável às exportações, o vice-presidente disse que a valorização do real frente ao dólar preocupa menos do que uma intervenção no câmbio. “O melhor câmbio é o câmbio livre”, disse.

Em Caxias do Sul, Alencar declarou que “os Estados não podem ser sacrificados quando eles acolhem empresas exportadoras”, ao concordar com a proposta defendida pelo governador gaúcho, Germano Rigotto (PMDB) , de recompor as perdas provocadas pela desoneração das exportações na reforma tributária. Alencar preferiu não especificar se o ressarcimento poderá ser integral, como sugeriu Rigotto, mas acolheu a proposta de prever na Constituição um fundo para repor as perdas. “Os Estados terão que estimular as exportações e nós podemos sugerir uma legislação que determine a ida do resultado dos impostos de comércio exterior (para o fundo)”, citou.

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