Turbulência internacional vai continuar, prevê secretário

Brasília (AE) – O secretário de Tesouro, Carlos Kawall, disse que as dúvidas em relação ao futuro da economia norte-americana devem continuar a perturbar os mercados enquanto os investidores não formarem um consenso sobre os rumos da economia dos Estados Unidos e dos próximos movimentos do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) em relação à taxa de juros.

Segundo ele, a atual turbulência do mercado não se acentuou ?meramente? por conta do discurso do presidente do Fed, Ben Bernanke, na segunda-feira, quando o americano mostrou preocupação com o aumento da inflação no país. Também têm influenciado o humor dos investidores indicadores como a menor criação de empregos nos EUA, divulgados na sexta-feira. Essa notícia, disse Kawall, causou ?inquietação adicional com relação a um cenário de baixo crescimento, mas mesmo assim com alguma pressão inflacionária, ou seja, estagflação (combinação de crescimento baixo com inflação em alta)?.

Para ele, os temores vão persistir enquanto o conjunto de indicadores econômicos não mostrar com clareza o rumo da economia norte-americana. ?Acho que esse tipo de dúvida vai continuar. Temos na semana que vem indicadores de vendas no varejo e de inflação nos EUA e reunião do Fed no final deste mês sobre a qual não há um claro consenso no mercado se ele (Fed) fará mais um movimento ou não. Esses indicadores da semana que vem vão ajudar na formação das expectativas?, disse o secretário em depoimento na Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados.

Apesar de esperar a continuidade das incertezas no mercado, Kawall avaliou que um cenário de inflação fora de controle ou de estagflação é pouco provável. ?De todas as conversas que tenho tido com economistas aqui e no estrangeiro, a gente não identifica base para um cenário de inflação fora de controle, muito menos de que haveria risco de estagflação na economia norte-americana e mundial proximamente?, afirmou. Para ele, a volatilidade dos mercados está mais associada ?aos próximos movimentos do Fed que não eram antecipados dois meses atrás?.

Kawall também destacou que, do ponto de vista do Brasil, tem ficado claro que os fundamentos da economia estão sólidos e o País tem condições de enfrentar essas turbulências sem pôr em risco a estabilidade. ?A prova disso é que o BC continua com um processo de redução nos juros e as expectativas inflacionárias não foram afetadas?, disse, lembrando que o Brasil tem se diferenciado de outros países emergentes, como a Turquia, na reação à crise. ?Essa situação mostra a importância de ter sido prudente durante o período de tranqüilidade?, afirmou.

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