Tudo pronto para o abate dos animais

Os laudos ambientais foram emitidos, as valas sanitárias estão prontas e o rebanho já foi avaliado. Sem qualquer medida judicial que impeça o abate, está tudo pronto para que o sacrifício sanitário dos quase 6,4 mil animais suspeitos de febre aftosa no Paraná definitivamente ocorra, colocando fim à ?novela? que se arrasta há 138 dias. Quando o último animal for morto – em data ainda não prevista -, começa-se a contar o prazo de seis meses para que o Paraná finalmente recupere o status de área livre de aftosa com vacinação e volte a exportar.

Um empecilho, porém, pode atrasar hoje o primeiro disparo do ?rifle sanitário?, adiando o início do abate mais uma vez. Só no final da tarde de ontem, o laboratório do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), no Rio de Janeiro – escolhido pelos pecuaristas para realizar a necropsia dos animais -, confirmou que já havia escolhido os técnicos que vão acompanhar a coleta e o envio de material para exames laboratoriais.

O superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Paraná, Valmir Kowalewski, disse que o ministério já concordou oficialmente com a necropsia dos animais e que a única pendência caberia mesmo à Panaftosa. ?O centro informou que os técnicos já estão se deslocando e devem chegar estar hoje em Maringá?, afirmou. Na pior das hipóteses, completou, esse fator atrasaria o abate para o período da tarde.

Para o coordenador do curso de Medicina Veterinária do Centro de Ensino Superior de Maringá (Cesumar), Raimundo Tostes, sem a presença de um técnico do Panaftosa o sacrifício dos animais não poderá ocorrer. ?Essa pessoa vai acompanhar todo o procedimento. Sem ela estar presente, o laboratório não vai receber o material colhido?, ponderou o professor. A realização de necropsia nos animais que reagiram positivamente à doença foi a condição imposta pelos proprietários das sete fazendas apontadas como focos de febre aftosa pelo Ministério da Agricultura para autorizar o sacrifício dos animais.

Cesumar

Os 377 animais das fazendas Cesumar e Pedra Preta, ambas em Maringá, serão os primeiros a serem abatidos. Ontem, o chefe do Núcleo Regional da Seab em Maringá, Renato Machado, informou que estava tudo pronto para o sacrifício. ?Os trabalhos vão começar bem cedo, por volta das 8h?, informou. Segundo ele, entre 15 e 20 pessoas estarão no local hoje, entre oficiais da Polícia Militar – que executarão o ?rifle sanitário? -, técnicos da Defesa Sanitária Animal, auxiliares, técnicos do Ministério da Agricultura, integrantes da Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício, além de operadores de maquinários e de caminhões.

A intenção, segundo Machado, é que todos os animais -143 da Fazenda Cesumar e outros 234 da fazenda vizinha Pedra Preta – sejam sacrificados ainda hoje. Os bovinos serão enterrados em uma única trincheira, aberta na Fazenda Cesumar, que mede 70 metros de comprimento, seis metros de largura e quatro de profundidade.

Ao todo, cerca de 6,4 mil animais de sete fazendas do Paraná serão sacrificados. Além das fazendas Cesumar e Pedra Preta, em Maringá, estão na lista a Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, onde há cerca de 1.800 animais; a Flor do Café, em Bela Vista do Paraíso, com 84 animais; Santa Izabel, em Grandes Rios, com 39 animais, e Alto Alegre (1.703 cabeças) e São Paulo (2.500 animais), ambas em Loanda.

IAP autoriza abertura das valas que faltavam

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) emitiu ontem a autorização ambiental para abertura das valas nas fazendas Santa Izabel (município de Grandes Rios), São Paulo e Alto Alegre (ambas em Loanda). A autorização concedida pelo instituto apresenta algumas recomendações para escavação das trincheiras. Na Fazenda Santa Izabel, em que 39 animais serão abatidos, foi estipulada a abertura de uma vala com até seis metros de largura, no máximo cinco metros de profundidade e extensão de até 20 metros. Segundo o presidente do IAP, Rasca Rodrigues, nesta localidade não será necessária a impermeabilização.

Já nas fazendas São Paulo e Alto Alegre, em Loanda, ambas propriedades deverão abrir duas valas cada uma, devido ao grande número de animais. Nestas localidades, por causa do tipo do solo – arenoso, decorrente da desagregação das rochas arenosas da Formação Caiuá – foi recomendada a instalação das mantas impermeabilizantes. ?A base e as laterais das trincheiras devem ser impermeabilizadas com uma manta de polietileno de alta densidade, com espessura mínima de dois milímetros, para conter o chorume gerado da decomposição dos animais, protegendo, assim, o solo e os recursos hídricos locais?, explicou Rasca.

Na Fazenda São Paulo, a vala deverá ter até seis metros de largura, no máximo cinco metros de profundidade e extensão de até 330 metros. Na propriedade vizinha, Fazenda Alto Alegre, com cerca de 1,7 mil animais, a vala deverá ser de seis metros de largura, no máximo cinco metros de profundidade e extensão de até 215 metros. (AEN)

 

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