Brasília – Levantamento divulgado ontem pela Secretaria do Tesouro Nacional mostra que o volume de transações de títulos federais no mercado secundário superou a casa dos R$ 12 bilhões por dia em junho, retornando aos níveis de antes da crise de confiança de 2002. De acordo com o documento, o total de compra e venda de papéis do governo diretamente entre investidores em junho foi o maior desde dezembro de 2000.

O desenvolvimento do mercado secundário de títulos é considerado estratégico pelo Tesouro Nacional porque ajuda a reduzir o custo de rolagem da dívida pública. Segundo os técnicos, um mercado secundário com liquidez aumenta a previsibilidade para os compradores de papéis no mercado primário, ou seja, diretamente nos leilões do Tesouro. Com a garantia de que poderão vender o título no momento em que quiserem, os investidores podem ser menos conservadores e adquirir mais papéis. Dessa forma, aumenta a demanda nos leilões e a remuneração paga pelo governo pode ser menor.

Fortalecer o mercado de capitais é compromisso assumido pelo Brasil na versão mais recente do programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ficou acertado que o País se empenhará não só em estimular o mercado secundário como também em aumentar seu número de participantes, com o incremento da venda direta dos títulos federais pela internet, o Tesouro Direto. Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, está em fase de testes um mecanismo que permitirá às pessoas físicas comprar títulos federais por intermédio dos sites de seus bancos.

A nota do Tesouro mostra que, dos R$ 12 bilhões movimentados diariamente no mercado secundário, perto de R$ 9 bilhões são Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), de remuneração pós-fixada. As transações com as Letras do Tesouro Nacional (LTNs), prefixadas, estão na casa dos R$ 3 bilhões. Apesar da cifra modesta, trata-se de uma recuperação. Ao longo de 2002, com a crise de confiança, os negócios com esses papéis praticamente desapareceram.

Os negócios diários com LTNs no secundário, segundo a nota, cresceram 16% neste ano, “bem acima da proporção das LFTs negociadas com relação ao seu estoque, por exemplo”, diz a nota. Na avaliação dos técnicos, a liquidez do mercado de LTNs tem sido impulsionada também pela política adotada pelo Tesouro de concentrar os vencimentos desses papéis em datas específicas (primeiro mês de cada trimestre).

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