Tesouro faz aporte no BNDES até julho, prevê Coutinho

A liberação de recursos do Tesouro para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social deve começar até julho. A informação foi prestada nesta sexta-feira pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que não adiantou o montante inicial do total previsto de R$ 45 bilhões, anunciados pelo governo federal em abril.

“Estamos em processo de coordenação com o Tesouro para estabelecer um cronograma, mas não posso adiantar mais nada”, disse Coutinho a jornalistas, depois de participar de uma reunião na Confederação Nacional da Indústria. Os recursos servirão para ampliar o volume de investimentos na economia este ano.

O BNDES prevê desembolsar em 2012 pouco mais de R$ 150 bilhões, sendo R$ 59 bilhões em projetos de infraestrutura. De acordo com Coutinho, o banco pretende “trabalhar muito” para ampliar em pelo menos 20% o volume de recursos em operações diretas.

Ele reiterou que é essencial o aumento da participação privada nos investimentos de infraestrutura por meio da ampliação do mercado de títulos da dívida. “O mercado de dívida privada tem condições de alcançar R$ 400 bilhões (ao ano)”, disse, citando que atualmente o giro é de apenas R$ 50 bilhões ao ano.

Câmbio

O governo está tentando mitigar a alta volatilidade do câmbio brasileiro, por isso o Banco Central tem feito atuações sistemáticas no mercado, quando o dólar gira em torno de R$ 2,10. “Faz parte do jogo”, declarou o presidente do BNDES, evitando responder se o patamar de R$ 2,00 para o dólar é considerado o ideal para ampliar a competitividade da indústria brasileira.

Marfrig e Vale

Coutinho não quis comentar notícias sobre a Marfrig, dando conta de que a empresa estaria pleiteando a rolagem de um pagamento de R$ 250 milhões a R$ 270 milhões com o banco de fomento. Trata-se de um valor referente ao cupom anual de debêntures da empresa, compradas pelo BNDES. “Não vou falar nada sobre a Marfrig.”

Quanto à decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), que na quinta-feira ampliou o limite de exposição do BNDES para empréstimos à Vale, a fim de que a mineradora tenha flexibilidade de financiamento, o executivo disse que “não há nada de extraordinário”. Ele negou ainda que haja algum plano de curto prazo para nova destinação de recursos à Vale.

Coutinho lembrou que a Vale possui atualmente uma linha de crédito com o BNDES no valor de R$ 7,3 bilhões, dos quais usou, até o momento, R$ 4 bilhões. Ele acrescentou que a posição acionária do banco na mineradora fica entre R$ 19 bilhões e R$ 20 bilhões. Pelas regras anteriores, essa posição era considerada dentro do limite de exposição do BNDES dentro de uma empresa – que costuma ser de 25% do patrimônio de referência da instituição de fomento. “Não há passivo. Essa é uma posição ativa e não faz sentido estar contabilizada (no limite).”