Tensão geopolítica faz disparar preço do petróleo

Os preços do petróleo continuaram ontem em seu patamar mais alto dos últimos 13 anos. O mercado preocupa-se com questões de fornecimento após o ataque ocorrido no final de semana na Arábia Saudita, com o crescimento da violência no Iraque e com a demanda mais forte nos Estados Unidos. O barril do óleo cru leve foi negociado ontem à tarde em Nova York a US$ 39,30, com alta de US$ 0,32, após encerrar a jornada de anteontem em US$ 38,98 – seu preço de fechamento mais alto em 13 anos.

Em Londres, o barril do cru Brent era vendido a US$ 36,55, com uma alta de US$ 0,62 em relação ao encerramento de anteontem, quando já havia alcançado seu maior preço desde outubro de 1990, pouco depois de o Iraque ter invadido o Kuait.

O mercado teme que o aumento da violência no Oriente Médio possa criar problemas no abastecimento. No final de semana, militantes islâmicos mataram a tiros funcionários de uma companhia de prospecção na cidade saudita de Yanbu. Dez dias antes, forças dos EUA enfrentaram uma missão suicida no terminal exportador de petróleo em Basra, no Iraque.

Nos EUA, a demanda por combustível continua crescendo fortemente, de acordo com os números do Departamento de Energia e do Instituto Americano do Petróleo divulgados hoje. O consumo nas últimas quatro semanas ficou na casa de 9,1 milhões de barris por dia, ou 3,8% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.

Gasolina

Por outro lado, o relatório forneceu algum alívio para os que temiam o pior no fornecimento nos postos norte-americanos neste verão, com a gasolina tendo batido anteontem, em Nova York, o recorde de US$ 1,3095 por galão (3,785 litros).

Segundo os dados publicados, os estoques de gasolina aumentaram em 4 milhões de barris, para 204 milhões de barris na semana terminada em 30 de abril – muito mais do que a previsão de 1,5 milhão de barris.

Os altos preços do óleo no mercado internacional ontem também estavam sendo influenciados por problemas em potencial de fornecimento na Nigéria e na Geórgia.

Na Nigéria, a polícia informou que centenas de muçulmanos foram mortos pela milícia cristã em uma luta étnica na cidade de Yelwa, na parte central do país. Embora a localidade seja distante das instalações petrolíferas nigerianas, a violência gerou temores de possíveis problemas na extração por parte do maior produtor africano de óleo.

Na Geórgia, teme-se que possa haver interrupções na distribuição diária de 200 mil barris no terminal exportador de Batumi, no Mar Negro. O ministro da Defesa do país, Gela Bezhuashvili, disse a uma televisão local que o terminal da região de Adzhara havia sido minado.

Ele não esclareceu quem pôs os explosivos, mas o líder rebelde Aslan Abashidze atualmente está com o controle da região.

Carga tributária influencia na gasolina

O sobe-e-desce do preço do litro da gasolina e do óleo diesel em Curitiba, iniciado no final de semana, parece ter finalmente chegado ao fim. A alta de R$ 0,14 no litro da gasolina e de R$ 0,08 no de diesel, anunciada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR) na semana passada, não se concretizou. Isso porque o presidente Lula alterou, na última sexta-feira, a Medida Provisória 164, que diz respeito ao Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

De acordo com o presidente do Sindicombustíveis-PR, Roberto Fregonese, muitos postos reajustaram o preço no final de semana preventivamente, uma vez que as distribuidoras já teriam informado sobre a alta. “Eu mesmo já havia comentado que a pior situação é a falta de informação. Alguns postos subiram o preço, mas agora já começaram a reduzir”, afirmou. Fregonese lembra que o presidente Lula assinou decreto aumentando a incidência do PIS e Cofins sobre a gasolina de 15,50% para 28,52%, ou seja, reajuste de 84%. Por outro lado, rebaixou a incidência da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide). “O governo rebaixou a Cide para que não houvesse impacto no preço dos combustíveis. Com isso, a mudança não terá reflexo sobre o consumidor”, explicou. No caso do diesel, o reajuste foi de 12,52% para 23,63% – alta, portanto, de 88,74%.

O preço médio do litro da gasolina em Curitiba, segundo Fregonese, varia entre R$ 1,87 e R$ 1,99. Alguns postos que haviam elevado o preço no final de semana – alguns passaram de R$ 1,89 para R$ 1,99 ou mais – já estão reduzindo o valor. (Lyrian Saiki)

Voltar ao topo