Com o rombo de R$ 25,491 bilhões do setor público consolidado em setembro, que gerou um número negativo de R$ 15,286 bilhões no acumulado do ano, deve ser registrado um déficit em 2014 tanto para as contas do governo central como também para o conjunto formado por União, Estados e municípios, comentou ao Broadcast Ao Vivo Felipe Salto, economista da consultoria Tendências.

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“No próximo ano, será necessário um ajuste das contas públicas. E isso será importante também devido à condição apresentada pela situação fiscal durante o governo da presidente Dilma Rousseff”, afirmou Salto. “Para isso, um contingenciamento do Orçamento entre R$ 55 bilhões e R$ 65 bilhões em 2015 seria necessário, a fim de gerar um superávit primário entre 1% e 1,5% do PIB”, disse.

De acordo com Salto, o fraco resultado das contas públicas é devido em boa parte por dois fatores: um deles é o elevado montante de desonerações tributárias, que para ele devem ficar próximas a R$ 100 bilhões neste ano. Um segundo motivo é a queda da arrecadação dos cofres oficiais, cuja raiz principal é o fraco desempenho da economia. Além disso, ele também destaca que o ritmo dos gastos federais está mais veloz do que o registrado pelas receitas. “Em porcentagem do PIB, a despesa cresceu em três anos do governo Dilma o mesmo que nos 12 anos anteriores”, afirmou.

Na avaliação de Felipe Salto, é importante reconhecer que o ajuste fiscal no próximo ano será difícil, inclusive porque o País crescerá pouco, no máximo 1%. Por outro lado, ele manifesta que há um sinal desfavorável do governo na busca por mais equilíbrio da gestão das contas públicas com a notícia veiculada pelo Broadcast de que o Tesouro poderá fazer um novo aporte de R$ 20 bilhões ao BNDES. “Não se sabe se o ajuste será feito pelo governo que sobe juro ou pelo governo que não desmama o BNDES do Tesouro”, destacou. Ele ressaltou que a administração federal parece “um sujeito bipolar”, que ora quer correção fiscal, mas dá indicações que isso não vai ocorrer.

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Em função do início do terceiro ciclo de aperto monetário no governo Dilma, que na quarta-feira, 29, subiu a Selic de 11% para 11,25%, Salto pondera que é “urgente” que o governo suba a Taxa de Juros de Longo Prazo, a TJLP. Do contrário, o descasamento entre estes dois preços relativos ficará ainda maior.