Tribuna do Consumidor

Tribunal de Contas da União quer dados sobre viabilidade de Angra 3

Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) propõe prazo de 30 dias para que a estatal Eletronuclear, do Grupo Eletrobrás, apresente todos os estudos e avaliações feitas pela consultoria Deloitte Touche Tohmatsu quanto à viabilidade financeira da usina nuclear de Angra 3, em construção no Rio de Janeiro.

A unidade técnica da corte pede ainda todas as informações relacionadas a outras investigações e estudos feitos pela estatal em relação a contratos existentes para a conclusão da usina. O processo relatado pelo ministro Bruno Dantas deve ser levado ao plenário do TCU amanhã.

A orientação da auditoria se baseou em informações divulgadas pelo Estado em 3 de junho, revelando que o projeto, que já consumiu R$ 7 bilhões dos cofres públicos, precisaria de mais R$ 17 bilhões para ser concluído. A desistência do empreendimento, por outro lado, custaria R$ 12 bilhões, por causa do desmonte de estrutura, a destinação de máquinas e uma infinidade de dívidas ligadas aos contratos firmados pela Eletronuclear. “O montante final estimado para o empreendimento concluído representa três vezes o montante estimado pelo governo quando da sua retomada em 2008/2009 (R$ 8,3 bilhões)”, informa o relatório de auditoria ao qual o Estado teve acesso.

Angra 3 começou a ser construída pelos militares em 1984. As obras prosseguiram até 1986, quando foram paralisadas por causa de dificuldades políticas e econômicas, além da ocorrência do maior desastre nuclear do mundo, a explosão do reator da usina de Chernobyl, na Ucrânia. O projeto brasileiro ficou na gaveta por 25 anos, até ser retomado em 2009, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometia colocar a usina para funcionar em maio de 2014.

Agora, com os R$ 17 bilhões estimados para sua conclusão, se chegaria a um gasto total de R$ 24 bilhões para colocar em operação uma usina com capacidade de 1.405 megawatts (MW), o que torna a viabilidade financeira do projeto questionável. A Eletronuclear não se manifestou sobre o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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