Taxas do cheque especial em queda

Brasília  – Os juros do cheque especial caíram 11,7 pontos percentuais entre agosto e setembro deste ano. Passaram de 163,9% ao ano para 152,2% ao ano. Já os juros do empréstimo pessoal, caíram de 87,5% ao ano para 83,9% ao ano. No geral, a queda dos juros foi de 3,4 p.p. em setembro, e soma 8,4 p.p. no trimestre, o que remete as taxas aos mesmos níveis praticados em junho do ano passado.

Na opinião do chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, a significativa queda da taxas de juros nos últimos meses, associada ao controle da inflação, “é forte ponto de apoio para a consolidação da economia, conforme observamos com o crescimento das operações de crédito no momento”.

Ele revelou que as operações de crédito vêm apresentando crescimento constante de abril para cá, com evoluções mais consistentes nos dois últimos meses, já em função dos efeitos provocados pelas reduções das taxas básicas de juros (Selic), a partir de julho. As tomadas de empréstimos aumentaram 1,2% em setembro, elevando o total de R$ 385,323 bilhões, em agosto, para R$ 390,136 bilhões no mês passado.

As reduções das taxas para as pessoas jurídicas também foram consistentes, como lembrou Altamir, mas um pouco menores que no caso das pessoas físicas. Nos descontos de duplicatas, por exemplo, as taxas caíram de 51,7% para 48,5% ao ano, com queda de 3,2 p.p.; no desconto de promissórias, que as empresas pagavam 59%, as taxas desceram para 56,2% em setembro, com redução de 2,8 p.p.; e nos empréstimos para capital de giro foram reduzidas de 42,5% para 39,4%, com queda de 3,1 p.p.

Taxas que, de modo geral, “já são menores no mercado, este mês”, segundo Altamir, por causa dos reflexos da redução de 1,5% da taxa básica de juros, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), dia 17 de setembro, e queda de mais 1%, no último dia 22. Fator que, associado à diminuição também do spread bancário, pelo quarto mês consecutivo, com redução de 0,7%, estimula a tomada de créditos. Tanto assim, que a parcial dos primeiros 15 dias de outubro mostra aumento de 0,4% nos empréstimos por empresas e 1,5% nos empréstimos pessoais, de acordo com Altamir, em relação ao mesmo período do mês passado.

O economista do BC revelou também que tiveram influência positiva a demanda sazonal por recursos nessa época do ano, com vistas a aumentar as vendas de fim-de-ano, além do maior volume de recursos na rede bancária, em decorrência da redução do compulsório sobre depósitos à vista. Fator que contribuiu, ainda, para conter a expansão da base monetária, que é o montante de dinheiro em poder do público.

O BC registrou decréscimo de1,7% no saldo de papel-moeda, e de 8,9% no saldo das reservas bancárias, provocando retração de 4% no saldo da base monetária, que somou R$ 56,1 bilhões no final do mês, sendo R$ 39,2 bilhões em dinheiro circulante, e R$ 16,9 bilhões em depósitos bancários. A retração da base monetária em doze meses é de 7,7%.

Meirelles destaca crescimento

Goiânia

(AG) – O jornal goiano Opção trouxe ontem estampada, na primeira página, uma entrevista exclusiva com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Otimista quanto à economia brasileira, Meirelles diz não haver dúvida de que o Brasil é o mais importante acontecimento político mundial. Para os que criticam a condução da política monetária, o presidente do BC diz que as taxas de juros do mercado já estabelecem as condições para que o Brasil retome o crescimento.

Ele lembra que dados do terceiro trimestre, particularmente de setembro, sobre as atividades industriais mostram importante crescimento da economia brasileira. “Sendo assim, o que dizíamos há 30, 60 dias está ocorrendo. De fato a atividade está sendo retomada, o que mostra que nós teremos, na margem, um crescimento da economia no final do ano, e a nossa previsão de crescimento em 3,5% no próximo ano. Um crescimento bom para um País que saiu da crise, e esperamos que isso aumente gradativamente nos próximos anos. A nossa expectativa é que possamos chegar a um nível de crescimento de cerca de 5% do PIB (produto interno bruto)”, afirmou Meirelles, segundo o jornal.

Meirelles defendeu a autonomia do Banco Central. Sua expectativa é de que o projeto seja votado no Congresso no decorrer de 2004. “Em países onde o Banco Central ficou independente, a taxa de inflação, em média, baixou, e a taxa de crescimento, em média, subiu, isso porque os agentes econômicos e a população passam a ter mais confiança de que o Banco Central terá, de fato, autonomia para fazer a política certa, sem a influência do dia-a-dia”, disse Meirelles ao Opção.

Ele explicou que, no caso do Brasil, a idéia é de que o Conselho Monetário Nacional (CMN) – formado pelo ministro da Fazenda, pelo ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo presidente do Banco Central – determine uma meta de inflação e as demais metas básicas da economia. Depois, competirá ao BC implementar essa política monetária de maneira que se alcancem as metas. “Temos prioridades administrativas: primeiro, foi a reforma da Previdência, depois, a reforma Tributária, a de concordata e falências, e certamente a próxima será a autonomia do Banco Central”, concluiu Meirelles.

Juro médio dos bancos caiu para 49,8%

Brasília

(AE) – A taxa média de juros praticada pelo sistema financeiro em setembro, nas operações com recursos livres, manteve sua trajetória de queda, atingindo 49,8% ao ano. Em agosto, essa taxa média estava em 52,7% ao ano. Na avaliação dos técnicos do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, a queda na taxa média é reflexo do “abrandamento” da política monetária. “No tocante ao spread bancário, assinala-se a diminuição pelo quarto mês consecutivo, refletindo a melhora na percepção de risco das operações de crédito, bem como a redução da alíquota de recolhimento compulsório sobre depósitos à vista, que passou a vigorar a partir de 20 de agosto”, explicam os técnicos, avaliando a queda de 31,3% para 30,6% do spread entre agosto e setembro. O spread é a diferença entre a taxa cobrada do tomador final de empréstimo e a taxa de captação do banco.

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