Tarifas públicas pressionam a inflação

Os preços administrados por contrato subiram 0,76% em Curitiba no mês de novembro. A alta foi puxada especialmente pelos combustíveis e telefonia. No ano, as tarifas públicas acumulam alta de 13,14% – índice bem acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em Curitiba, que é de 8,85% no período de janeiro a novembro. Nos últimos 12 meses, os preços administrados subiram 14,68%. Os dados foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR) e pelo Sindicato de Engenharia no Paraná (Senge-PR).

Em novembro, a cesta de serviços públicos custou R$ 462,86 para uma família curitibana. O setor que mais contribuiu com a alta foi o de combustíveis: o preço do álcool subiu 10,11%; o óleo diesel, 3,05%, e a gasolina, 1,68%. Além desses três itens, registraram aumento o pulso telefônico (3,61%) e a assinatura telefônica (3,58%) – referentes à mudança do indexador de reajuste, que era o IPCA e passou para o IGPM. Também o gás de cozinha teve um pequeno aumento, de 0,03%. O único item que apresentou queda no mês foi o seguro-apagão (-21,18%), cuja redução gradativa já estava prevista.

Combustíveis

De acordo com o economista Sandro Silva, do Die-ese-PR, o aumento de 1,68% da gasolina registrado em novembro – com o preço médio passando de R$ 2,08 para R$ 2,12 – ainda não reflete o reajuste autorizado pela Petrobras no último dia 25. Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do litro da gasolina em Curitiba passou de R$ 2,072 na última semana de novembro para R$ 2,234 na primeira semana de dezembro – alta de 7,82%. Nas distribuidoras, o preço médio passou de R$ 1,935 para R$ 1,990 no mesmo período, com aumento de 2,84%.

Entre as 16 capitais pesquisadas pelo Dieese, Curitiba foi a que apresentou em novembro o terceiro menor preço no litro da gasolina (R$ 2,12). O maior foi verificado em Florianópolis (R$ 2,378) e o menor em Belo Horizonte (R$ 2,048). Com relação à variação, Curitiba foi a capital com a menor variação (1,68%) no mês. A maior foi registrada em Brasília (4,85%).

No Paraná, onde 31 cidades foram pesquisadas, Curitiba foi a que apresentou o menor preço médio (R$ 2,12). Em Assis Chateaubriand, região Oeste, o preço médio do litro da gasolina era de R$ 2,336.

Para Sandro Silva, a variação dos preços administrados só não foi maior por conta do gás de cozinha, cuja alta não se concretizou. "A especulação era de que o gás aumentasse cerca de R$ 2,00 para o consumidor, o que não aconteceu", afirmou Sandro Silva. Entre as 16 capitais pesquisadas pelo Dieese, Curitiba ocupou em novembro a 10.ª posição, com o preço médio do botijão de 13 kg a R$ 29,14. O maior valor foi encontrado em João Pessoa (R$ 34,52) e o menor em São Paulo (R$ 28,07).

Ano

No ano, o álcool combustível acumula aumento de 36,58%; o óleo diesel, de 14,19% e a gasolina, de 8,72%. A energia elétrica residencial aumentou 23,74%, o pedágio (Ecovia) subiu 31,15%, e o telefone fixo, alta de 15,50%. Também a tarifa mínima de esgoto subiu (14,02%), assim como a tarifa de ônibus (15,15%).

Para dezembro, a estimativa é que os preços administrados registrem nova alta, de 2,23%. Entre os itens que devem puxar o aumento estão o táxi (20,34%) – por conta da bandeira dois adotada em dezembro -, gasolina (5,38%) e o pedágio (6,25%). (Lyrian Saiki)

Mas IPCA fica acima da média

Curitiba registrou em novembro o menor Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do País, de 0,27% – bem abaixo da média nacional, que foi de 0,44%. Já em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Curitiba ficou na quinta posição (0,71%), acima da média nacional, que foi de 0,69%.

A diferença entre os dois índices está nas classes pesquisadas. O INPC se refere a famílias com renda de até oito salários mínimos, enquanto o IPCA – índice que baliza a meta de inflação pelo governo federal – se refere a famílias com renda de até 40 salários mínimos.

De acordo com Sandro Silva, economista do Dieese-PR, a disparidade dos índices se deve aos serviços, que têm diferentes pesos dependendo a renda da família pesquisada. "O peso da telefonia, por exemplo, é maior no IPCA do que no INPC. Também o peso dos combustíveis é menor no INPC", explicou.

Em Curitiba, os itens que puxaram o IPCA no mês foram os grupos comunicação (alta de 2,89%), transportes (1,50%), vestuário (1,18%) e alimentação (0,10%). Os combustíveis subiram 4,36%.

No cenário nacional, tiveram alta o grupo comunicações (2,37%), transportes (1,78%), vestuário (1,02%). Os combustíveis aumentaram 4,27% e o grupo alimentação registrou queda de 0,01%.

No ano, Curitiba acumula os maiores índices de inflação – INPC de 8,22% e IPCA de 8,85%. A média nacional desses índices são, respectivamente, 6,68% e 5,23%. (LS)

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