Foi do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, a mais clara definição dos objetivos da política econômica brasileira, neste ano. A primeira tarefa do novo governo, disse o ministro, é baixar o risco Brasil. Essa condição é essencial para a realização segura de todos os pontos principais do programa do PT, como o crescimento econômico, a multiplicação de empregos e a redução da pobreza. Qualquer inovação que possa confundir o mercado e criar insegurança deverá, por isso mesmo, ser deixada para depois.

Pelo mesmo critério, deve-se dar prioridade às ações que possam tranqüilizar o mercado e contribuir para normalizar a vida financeira. É o caso de reformas como as do Banco Central (BC) e da Previdência.

Segundo o ministro, todo esforço deve ser concentrado em mudar para melhor, com urgência, as expectativas do mercado em relação ao governo e à economia nacional.

Foi o que ele tentou fazer em Davos, nos últimos dias, em contatos com economistas, empresários e representantes de instituições oficiais. Palocci comentou a questão do risco Brasil no domingo pela manhã, depois de uma reunião com a número dois do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Krueger, para uma conversa a respeito do Brasil e do cenário global escurecido pelo risco de guerra. Participaram do encontro o assessor do ministro para assuntos internacionais, Otaviano Canuto, e o presidente do BC, Henrique Meirelles.

O governo quer evitar, segundo Palocci, que o novo número determinado para a inflação seja tomado como piso, nas próximas discussões com o FMI. Não ficou claro, no entanto, como se poderá evitar esse risco, se a nova meta brasileira for anunciada nos próximos dias, antes de chegar a missão do Fundo.

A busca do superávit primário, tem dito o ministro, é independente de qualquer acordo com instituições internacionais. “O problema do Brasil não é o acordo com o FMI – o problema é a dívida”, disse. “Se o FMI desse o dinheiro e não exigisse nada vocês acham que não seria preciso superávit primário?” Essa mensagem Palocci tem procurado transmitir aos brasileiros: procura-se um bom resultado primário porque é preciso controlar a dívida, não por gosto ou por exigência de fora.

Palocci deixou claro que o governo espera poder dispensar o auxílio do FMI depois de terminado o acordo, em dezembro. Mas, para isso, terá de conseguir uma redução sensível do risco Brasil, que tem oscilado entre 1.200 e 1.400 pontos acima da remuneração dos títulos do Tesouro americano. Isso é praticamente o dobro do risco atribuído à média dos países em desenvolvimento, excluída, naturalmente, a Argentina.

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