A suspensão de benefícios previdenciários e assistenciais que apresentam indícios de irregularidade deve render sozinha uma economia de pelo menos R$ 5,076 bilhões em 2019, estima a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Esse é um dinheiro que seria gasto indevidamente caso o governo não adotasse nenhuma ação para acelerar o combate a essas fraudes.

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Hoje existem 3 milhões de processos pendentes de análise e sobre os quais já existe suspeita de irregularidade. Órgãos de controle como a CGU já vinham alertando para a necessidade de tomar providências. Em abril do ano passado, o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, mostrou que o Ministério da Transparência e CGU havia identificado pagamento indevido de R$ 3 bilhões em aposentadorias para produtores rurais nos últimos cinco anos, e mais R$ 1,18 bilhão ao ano escoaria pelo ralo se nada fosse feito.

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Outra parte significativa do impacto fiscal da Medida Provisória antifraudes editada na semana passada pelo governo virá da ampliação do pente-fino em benefícios que dependem de perícias médicas, que deve poupar outros R$ 4,054 bilhões.

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Os dados foram detalhados pelo órgão a pedido do Broadcast. Ao todo, o governo prevê uma economia bruta de R$ 10 bilhões neste ano com as iniciativas para combater irregularidades, mas o efeito líquido ficará em R$ 9,8 bilhões devido à criação de um bônus para funcionários do INSS empreenderem a força-tarefa de revisão nos benefícios.

Nesta quarta, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que a economia a ser obtida em 2020 pode ser até o dobro disso, à medida que a implementação das medidas evoluam.

Em entrevista ao Broadcast na segunda-feira, o secretário de Previdência do Ministério da Economia, Leonardo Rolim, disse que a economia pode ficar acima do estimado já em 2019, porque uma série de impactos ficaram de fora do cálculo – por exemplo, a cobrança dos benefícios pagos indevidamente, porque eram fraudados ou foram desembolsados por liminar judicial já revertida, e que o governo pretende recuperar.

Além disso, os prognósticos do governo indicam a possibilidade de 16% dos benefícios analisados serem cancelados, mas Rolim acredita que o índice pode ser facilmente superado.

O governo prevê ainda uma economia de R$ 366 milhões com a melhora no processo de prova de vida com o uso de biometria e com a recuperação mais ágil de valores pagos em conta corrente de pessoas já falecidas. Outras medidas, não detalhadas, devem render economia de R$ 518 milhões.

Já o pagamento do bônus aos servidores deve custar R$ 224 milhões neste ano. O governo criou dois tipos de gratificações: uma para técnicos e analistas do INSS trabalharem na revisão dos benefícios que já têm indícios de irregularidades detectados pela força-tarefa previdenciária ou por órgãos de controle como TCU e CGU. Ele terá o valor de R$ 57,50 por análise extra concluída.

Outro bônus, de R$ 61,72, será pago aos médicos peritos para que eles ampliem o pente-fino nos benefícios por incapacidade e façam uma revisão de isenções tributárias concedidas para quem tem doenças graves.