Supermercados boicotam novos reajustes

Os supermercados do Paraná mantêm a política de boicote de produtos que tiveram reajustes abusivos, iniciada em novembro. Como acontece todo início de ano, a maioria dos fornecedores corrigiu suas tabelas, usando como argumento a inflação de dois dígitos do ano passado e a alta de insumos, como tarifas de água, luz, telefone, combustíveis e embalagens. Alguns itens chegaram a subir 8% nesse começo de ano. Porém os supermercadistas dizem que a trajetória de queda do dólar não justifica os aumentos anunciados pelos fornecedores. Como algumas redes de varejo já cancelaram pedidos de mercadorias, podem faltar produtos nas prateleiras em breve.

“Muitos fornecedores que já subiram os preços no final de 2002 por causa da alta do dólar, agora argumentam que a inflação do ano não foi repassada, nem a alta do pedágio e do combustível”, relata Josiane Hyczy Ribeiro, gerente comercial da rede Superpão, de Guarapuava, que tem 13 lojas no Estado. “Muito disso é especulação”, comenta. “Nossa política normal é bloquear os aumentos durante o ano todo e dificultar ao máximo essa situação que acontece todo início de ano. Deixamos de comprar de alguns fornecedores e buscamos produtos similares”, explica. Boa parte dos aumentos são revertidos através da negociação, mas com as grandes indústrias, Josiane admite que a redução de preços é “quase impossível”.

Segundo a gerente do Superpão, cerca de 80% dos fornecedores está tentando o reajuste. As novas tabelas começaram a chegar ao varejo nessa semana, já que a maioria das indústrias voltou das férias coletivas no dia 15. “Nessa queda de braço, vence o mais forte. Às vezes, o fornecedor aceita mais um pedido pela tabela antiga”, cita Josiane. No Superpão, não há casos de falta de mercadorias no momento. “Mas isso tende a acontecer até o final do mês”, avisa a gerente, salientando que os itens básicos, como açúcar e farinha de trigo, não sumirão das prateleiras.

O Super Mufatto mantém os banners informando os clientes que a compra de alguns produtos está suspensa devido aos reajustes abusivos por parte de alguns fornecedores. “Estamos com uma posição bem firme a respeito dessa guerra”, afirma o diretor comercial da rede, Everton Mufatto. “O que tinha que passar de aumento já passou. Com a queda do dólar, não há porque ser feito o repasse”, sustenta. Mufatto classifica os aumentos de “oportunismo”, ressalvando que “alguns fornecedores se obrigam a repassar custos, por isso analisamos caso a caso”. “Estamos fazendo a nossa parte. O consumidor tem que fazer a sua, escolhendo marcas similares”, enfatiza.

O grupo Pão de Açúcar, que engloba as bandeiras Pão de Açúcar e Extra no Estado, está aguardando as novas tabelas. De acordo com a assessoria de imprensa, com a confirmação de reajustes exagerados, será adotada a mesma postura de novembro – com a campanha “Diga Não” aos produtos que tiveram alta elevada.

“Os supermercados entendem que o consumidor não tem condições de absorver as novas remarcações e por esse motivo vão continuar negociando para evitar o aumento dos preços dos alimentos e produtos de higiene e limpeza”, diz a nota oficial divulgada pela Apras (Associação Paranaense de Supermercados).

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