Superávit da balança já é de US$ 751 milhões

São Paulo

  – A balança comercial já acumula em outubro superávit de US$ 751 milhões, o que elevou o resultado do ano para US$ 8,609 bilhões. Entre novembro de 2001 e a segunda semana de outubro, o saldo está próximo de US$ 10 bilhões: US$ 9,967 bilhões. De acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior na segunda semana do mês a balança apresentou saldo positivo de US$ 387 milhões. Na primeira semana, o superávit foi de US$ 364 milhões.

Nas duas primeiras semanas de outubro, o comércio do Brasil com o exterior manteve a tendência das últimas semanas de ligeira recuperação das exportações e a continuação do processo de redução das importações. Neste período, as exportações somaram US$ 1,350 bilhão, com média diária de US$ 270 milhões, enquanto que as importações totalizaram US$ 963 milhões, com média diária de US$ 192,6 milhões.

Com o dólar mais caro em relação ao real, os produtos brasileiros ficam mais competitivos no exterior e, por outro lado, as importações tornam-se mais caras, desestimulando novas compras. O baixo crescimento da atividade econômica também contribui para a redução das importações, que se mantém em queda mesmo nesse período do ano, quando tradicionalmente tendem a começar a aumentar devido às festas de fim de ano.

De acordo com boletim do Ministério do Desenvolvimento, a média diária das exportações acumuladas em outubro, de US$ 276 2 milhões, apresentou uma expansão de 21,5% comparativamente à média de outubro de 2001, que foi de US$ 227,4 milhões. Os técnicos atribuíram esse crescimento ao incremento das vendas de todas as categorias de produtos: semimanufaturados (44,6%); básicos (38,3%) e manufaturados (5,7%). Os números apresentados no boletim mostram, no entanto, uma queda de 4,9% das exportações da primeira para a segunda semana do mês, quando a média diária das vendas caiu de US$ 284 milhões para US$ 270 milhões.

Segundo avaliação dos técnicos, essa queda da primeira para segunda semana se deve à redução de 16% das vendas de semimanufaturados (celulose, semimanufaturados de ferro e aço e açúcar) e de 6,9% de produtos básicos (soja em grão, petróleo e carnes de frango e suína). As exportações de produtos manufaturados, por outro lado, tiveram aumento de 3,4% no período, que refletiu maiores vendas de automóveis, laminados planos de ferro e aço, aparelhos transmissores e receptores, suco de laranja, gasolina e açúcar refinado.

Já as importações registraram nas duas primeiras semanas de outubro queda, pela média diária, de 10,8% em relação a outubro de 2001. A média das importações acumuladas nas duas semanas foi de US$ 192,8 milhões, ante uma média de US$ 216,2 milhões no mês de outubro do ano passado. Nesse período, caíram os gastos com as compras de instrumentos de ótica e precisão (25 6%), automóveis e autopeças (20,5%), equipamentos elétricos e eletrônicos (18,3%), siderúrgicos (17,9%), equipamentos mecânicos (17,7%), cereais e produtos de moagem (10,9%) e plásticos (10,1%).

Otimismo é exagero

O que o governo divulga como retomada das exportações trata-se, na verdade, de um ajuste, de acordo com especialistas. Por um lado, a desvalorização do real registrada no segundo semestre de 2002 – que motivou a ampliação da capacidade industrial brasileira e da safra -começou a se refletir no aumento das vendas do país ao exterior. Por outro, o fim da greve promovida no início do ano pelos funcionários da Receita Federal fez com que os embarques para o exterior fossem computados em maior escala a partir de julho. Some-se a isso a correção de um erro do governo, que estava contabilizando a soja a um valor abaixo do seu preço, e pinta-se o cenário azul de um possível superávit de US$ 10 bilhões no ano.

– Os números foram muito negativos de março a junho por causa da paralisação da Receita. Até junho, a média diária das exportações era de US$ 220 milhões. Pulou para US$ 309,1 milhões em setembro, contra US$ 250,3 milhões no mesmo mês do ano passado – ilustra o economista Fernando Ribeiro, da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).

O presidente da Associação dos Exportadores do Brasil (AEB), Benedicto Moreira, tem uma visão pessimista do cenário atual. Para ele, os bons resultados de setembro ainda são atribuídos à diminuição das compras internas. As importações cresceram 0,6% em setembro na comparação com agosto, mas ainda estão 12,7% inferiores às de setembro de 2001. Entre janeiro e setembro, as compras somaram US$ 35,66 bilhões, com queda de 17,3% ante o mesmo período do ano passado. As exportações também recuaram 1,9% nos nove primeiros meses deste ano, comparadas ao mesmo período de 2001.

– As empresas estão fazendo um esforço exportador maior para suprir a queda do consumo do mercado interno. Isso não significa que estamos bem. Aumento nas exportações e queda nas importações significam recessão – diz.

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