O principal desafio do presidente da República, Michel Temer, após sua confirmação no cargo, será garantir uma expectativa positiva com relação à economia no curto prazo, que seja capaz de abrir caminho para que ele avance nas reformas estruturais que são fundamentais para melhorar a situação fiscal brasileira. Esta é a avaliação do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa.

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“Se existia uma leniência do mercado com relação ao governo pela interinidade, agora (com a deposição de Dilma Rousseff) ela deixa de existir”, disse o economista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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Segundo ele, Temer precisará mostrar uma capacidade grande de articulação da sua base para aprovar as medidas que serão encaminhadas ao Congresso.

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Camargo Rosa ressaltou que este processo passa inevitavelmente pela melhora dos indicadores econômicos, principalmente do lado do emprego e da renda. “Quanto melhor isso estiver, maior será o apoio político para as reformas. Então, ele (Temer) também vai depender dos resultados da economia no curto prazo, que ainda não estão visíveis”, afirmou.

Na avaliação do economista-chefe da SulAmérica, se o governo conseguir de fato criar um sentimento positivo em relação ao cenário econômico, que seja percebido pela sociedade, haverá condições de aglutinar as forças políticas necessárias para tocar pautas como a reforma da Previdência, por exemplo. Caso contrário, há risco de uma “frustração grande” com relação à agenda de reformas.

“Tem alguns pontos que afetam a população e o consumo que ainda podem piorar antes de melhorar. Isso pode manter um ambiente ruim, mesmo se o PIB (Produto Interno Bruto) já der algum sinal positivo no fim deste ano. Tem que ver como o governo vai contornar isso”, resumiu.

Camargo Rosa destacou ainda que será crucial que o governo deixe claro forma com que vai atingir as metas fiscais, tanto neste ano como no próximo. “Acredito que a ideia de que se recorrerá a impostos será colocada em xeque”, disse.

A visão do mercado é de que, para o governo central entregar um déficit primário de R$ 139 bilhões em 2017, será preciso ter receitas adicionais. Uma saída, segundo o economista, seria elevar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina.