Sondagem da FGV aponta que consumidor prevê inflação maior ao longo do ano

Os consumidores prevêem um patamar de inflação mais elevado para os próximos meses. É o que mostra o recorte especial da Sondagem de Expectativas do Consumidor – pesquisa usada para cálculo do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Segundo o coordenador de sondagens conjunturais da fundação, Aluísio Campelo, em janeiro o consumidor projetou uma inflação de 5,9% nos próximos 12 meses – sendo que, essa estimativa em dezembro do ano passado era de 5,4%.

Ainda de acordo com Campelo, aumentou o porcentual de consumidores que esperam taxas de juros maiores, de dezembro para janeiro (de 19,3% para 32,8%). No mesmo período, diminuiu a parcela dos consumidores que projetam juros menores (de 18,3% para 16,3%).

Confiança

Para Campelo, essa percepção de uma inflação mais elevada em 2008 também ajudou a aumentar o nível de insegurança do consumidor quanto ao futuro, diminuindo assim sua confiança nos rumos da economia, para os próximos meses. De acordo com ele, embora a avaliação atual da situação econômica esteja em trajetória positiva (uma das melhores da série histórica do índice), o mesmo não ocorre com as projeções do consumidor quanto ao futuro.

Para o economista, o consumidor está inseguro, visto que o cenário da economia já melhorou muito ao longo de 2007 – e não há certeza se esse bom momento vai continuar. Vários fatores podem conduzir a um desempenho ruim na economia, como a possibilidade de racionamento de energia; e o impacto negativo de uma possível desaceleração na economia norte-americana no mercado brasileiro. "Houve um aumento na incerteza. Era comum dizer, no passado, que a recuperação da economia brasileira estava indo bem, que a economia estava indo bem. Agora se diz que a economia brasileira está boa para enfrentar uma crise", disse.

A redução no otimismo atingiu o apetite do consumidor por realizar compras de bens duráveis, nos próximos meses. Embora a oferta de crédito continue aquecida – e os ganhos salariais adquiridos no ano passado ainda tenham permanecido este ano – a parcela dos consumidores que planejam gastar mais com esse tipo de compra nos próximos seis meses caiu de 25,1% para 22,3% de dezembro do ano passado para janeiro. No mesmo período, subiu de 18,1% para 22,22% o porcentual dos que planejam gastar menos, com esse tipo de item. "Mas em janeiro a parcela dos que pretendem gastar mais ainda é maior do que o porcentual daqueles que planejam gastar menos", comentou o executivo.

Renda

Na análise da confiança do consumidor por faixas de renda, todas as pesquisadas pela fundação apresentaram resultados negativos. É o caso das quedas, no ICC, pesquisados especificamente nas faixas de até R$ 2.100 (-5,5%); entre R$ 2.100 e R$ 4.800 (-3 1%); entre R$ 4.800 e R$ 9.600 (-0,7%); e acima de R$ 9.600 (-1 7%). Segundo Campelo, as famílias com renda menor estão muito mais pessimistas quanto ao futuro, pois foram as que sentiram o maior impacto da disparada nos preços dos alimentos no ano passado.

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