Desde o último dia 19, profissionais da agronomia, agricultores e comerciantes contam com um novo serviço online. Trata-se do Sistema de Monitoramento do Comércio e Uso de Agrotóxicos do Paraná (Siagro), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). O mecanismo tem como objetivo o monitoramento eletrônico do comércio e venda de agrotóxicos no Paraná. Com uma semana de funcionamento, os responsáveis pelo Siagro chegaram a registrar mais de seis mil receitas produzidas por agrônomos vinculados aos cerca de dois mil comerciantes já envolvidos com o Siagro.

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Segundo o chefe da Divisão de Fiscalização e de Insumos da Seab, Adriano Riesemberg, o novo sistema substituirá uma pilha de três milhões de documentos recebidos anualmente pela Seab. “Antes do Siagro, todos os comerciantes de agrotóxicos do Paraná tinham que enviar mensalmente para a Seab uma via das receitas agronômicas que lhes autorizavam a venda de produtos para agricultores. É uma montanha de papel e, por conta desse volume, não tínhamos condições de aproveitar as informações presentes nesses documentos”, diz.

Agora, com o Siagro já funcionando, será possível interpretar os dados referentes ao uso de agrotóxicos no Paraná. “A receita é riquíssima em informações que agora estarão totalmente acessíveis à Seab. Os arquivos eletrônicos nos permitirão saber qual agricultor está comprando, quem está vendendo, qual profissional está receitando, qual é o valor tóxico, a quantidade que está sendo recomendada, qual praga será combatida, local de aplicação, dentre outras informações”, descreve. Com isso, o objetivo da secretaria, segundo Riesemberg, é incentivar a prática de uma agricultura com uso racional de produtos químicos, dando garantias ao consumidor de um produto saudável e de qualidade.

Com o Siagro, o profissional de agronomia poderá construir receitas diretamente no sistema. “O Siagro era o que faltava para o agrônomo. Trata-se de uma forma prática e segura de desenvolvimento da receita. Na tela principal do sistema os profissionais podem escolher uma das lavouras existentes no Paraná e, a partir disso, elaborar a receita de acordo com a praga em questão e os respectivos agrotóxicos cadastrados para combate no Paraná”, explica. Outro ponto destacado pelo especialista é o mercado internacional. “Com o Siagro, o agricultor poderá mostrar uma certificação oficial para demonstrar ao comprador lá de fora, que determinado produto foi utilizado, por exemplo”, ressalta.

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Notificação

O número de receitas enviadas, porém, ainda é insuficiente, segundo Riesemberg. “Esse número ainda é pequeno por dois motivos. O primeiro deles é o período em que estamos, que não é caracterizado pela grande utilização de agrotóxicos, o que deve acontecer a partir de agosto com a intensificação do período de safra. Outra razão que constatamos é a ausência da participação de muitos comerciantes. Lembramos que aqueles que não cumprirem com a obrigação serão notificados e, dentro de um prazo legal, se ainda não tiverem se regulamentado, receberão um auto de infração”, afirma.

Siagro vai possibilitar controle das embalagens

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No Instituto de Águas do Paraná (Suderhsa), autarquia vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), o Siagro é visto como um método eficaz para controle do recolhimento de embalagens de agrotóxicos já aplicados. Segundo a Suderhsa, em 2009 foram contabilizadas 4,4 mil toneladas de embalagens vazias no Paraná, o que dá um total que supera 13 milhões de recipientes já utilizados.

Segundo Rui Leão Mueller, chefe do departamento de Tecnologia de Saneamento do instituto, o Siagro poderá refinar o sistema de controle de embalagens já existente. “J&a,acute; temos um controle em relação a todas as devoluções feitas pelos agricultores no Paraná, mas esses dados novos de utilização desses produtos nos possibilitará descobrir situações em que os agricultores possivelmente relaxam ou não fazem corretamente a devolução”, afirma. Segundo ele, o Siagro indicará muitos agricultores que compram frequentemente agrotóxicos, mas nunca devolvem as embalagens de forma correta. “Sabendo quem comprou, saberemos quem não deu a destinação correta ao recipiente”, ressalta Mueller.

Para Adriano Riesemberg, chefe da Divisão de Fiscalização e de Insumos da Seab, o Siagro poderá trazer benefícios também para a qualidade da água e saúde no Paraná. “Se a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), por exemplo, precisar fazer um estudo relacionando um possível crescimento de uma doença com aplicação de agrotóxico em determinado município, poderá fazê-lo com dados do Siagro.

O mesmo poderá ser feito pela Sanepar, caso exista a necessidade de descobrir fatores contaminantes do lençol freático”, relaciona. Em suma, Mueller afirma que o Siagro só trará benefícios ao Estado, principalmente para o agricultor. “Todo esse mecanismo, trabalho e visão de contexto é para que o agricultor faça corretamente aquilo que é indicado e obrigatório. Se isso for feito, ficaremos mais tranquilos, teremos alimentos mais saudáveis e uma proteção mais adequada ao meio ambiente, o que trará condições melhores para todos nós”, diz. (LC)