Ao fazer projeções da trajetória dívida bruta do governo geral para os próximos anos a partir dos novos parâmetros apontados no relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas primárias, o Ministério da Fazenda comparou os resultados com previsões feitas por bancos privados. Segundo o documento do governo, a proporção dívida/PIB deve ficar em 64,7% em 2015, 66,4% em 2016, 66,3% em 2017 e 65,6% em 2018, valores mais altos que os apontados anteriormente na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015. Esses porcentuais foram confrontados com os das instituições do setor financeiro.

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No exercício de comparação, os parâmetros econômicos apresentados pelos bancos foram aplicados ao modelo de cálculo usado pelo Tesouro. Para o primeiro caso, foram analisados dados de um banco que usa parâmetros piores para a economia e para o superávit fiscal nos próximos anos, mas tem metodologia próxima à do Tesouro. Como resultado, a previsão do banco para a dívida bruta do governo geral (DBGG), usando o modelo do Tesouro, se manteve próxima ao resultado anterior do banco, porém bem mais alta que as projeções do governo. Com os parâmetros da instituição privada, a relação dívida/PIB ultrapassa a barreira dos 70% em 2018, quando o governo no relatório bimestral espera um valor de 65,6%. Nessa caso, as projeções do Tesouro ficaram em 70,6% e as do banco em 71,6% para 2018.

O segundo banco comparado também traz projeções mais pessimistas para a economia do que o governo e tem relação dívida/PIB se estabilizando em torno de 66,5% a partir de 2016, chegando a 65,7% em 2020. Quando inseridos os parâmetros do banco no modelo do Tesouro, a proporção da dívida alcança patamares mais altos, com máximo de 67,7% em 2016 e uma gradual queda nos anos seguintes, chegando também a 65,7% em 2020. A principal diferença com o primeiro banco vem do fato de o segundo não esperar que o superávit primário retorne a 2% do PIB. Neste caso, o ministério não comparou os resultados com a trajetória apresentada no relatório bimestral.

O terceiro banco, por sua vez, pressupõe um superávit primário de 2% do PIB para os anos afastados, com crescimento econômico de 2% ou mais a partir de 2017. Com os parâmetros, usando modelo analítico simplificado, a instituição prevê um crescimento contínuo da dívida/PIB, chegando a 71,7% em 2018 e 72,2% em 2020. Por outro lado, quando se insere os mesmos parâmetros no modelo usado pelo Tesouro, vê-se que a proporção da dívida bruta fica muito próxima à esperada pelo governo, como apresentado no relatório de avaliação de receitas e despesas primárias. Nesse caso, fica evidente uma grande divergências de projeções, mesmo utilizando-se os mesmos parâmetros. Enquanto a projeção do Tesouro para a dívida bruta em 2018 é de 64,9%,a estimativa do banco ficou em 72,2%.

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“As projeções apresentadas indicam, cada uma a seu modo, a importância de se recuperar a meta do superávit primário. Com essa estratégia, os riscos da dívida pública divergir para patamares próximos a 70% do PIB são grandemente reduzidos, mesmo que o crescimento do PIB revele-se modesto. As projeções sugerem também que resultados primários próximos ou acima de 2,0% do PIB podem trazer a relação DBGG/PIB do Brasil na direção de 60% em cenários de crescimento do PIB moderado e para abaixo desse valor, na medida em que o crescimento econômico se acelerar”, explica a nota do Ministério da Fazenda.