Simpi-SP: importado tira mercado de 45% das empresas

Pesquisa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi-SP) mostra que 45% das indústrias com até 50 funcionários afirmam ter perdido mercado por conta dos produtos importados. Além disso, 75% das companhias pesquisadas consideram a concorrência com os importados desleal por conta, entre outros motivos, dos baixos preços dos produtos comprados no exterior e do custo tributário no Brasil. A consequência é que 90% dos pesquisados defendem mecanismos para fortalecer o mercado interno. A pesquisa do Simpi-SP consultou 300 micro e pequenas indústrias, metade delas da capital paulista e a outra metade do interior do Estado.

Sessenta e dois por cento das indústrias pesquisadas consideram a concorrência desleal por conta dos preços mais baixos oferecidos pelos produtos estrangeiros. A carga tributária mais alta no Brasil foi citada por 47%. Outros 17% afirmaram que os importados utilizam mão de obra mais barata; 12% acreditam que esses produtos possuem qualidade inferior e preço menor; 4% avaliam que os importados são melhores que os produtos nacionais, enquanto 3% apontaram o câmbio como responsável pelos preços mais baixos dos importados.

Segundo o diretor de relações institucionais do Simpi, Rogério Grof, as importações afetam, principalmente, as micro e pequenas indústrias de calçados, vestuário e móveis, mas de acordo com ele ninguém escapa do problema. “Todos os setores estão sendo afetados, e não só as micro e pequenas, mas a indústria como um todo.”

Grof explica que os problemas causados pela invasão de importados são graves devido à dependência das micro e pequenas do mercado interno. “Elas não exportam muito e competem com produtos que chegam muito mais baratos”, disse. Do total de entrevistados pelo Simpi-SP, 10% afirmaram que exportam, sendo que 34% esperam aumentar o volume de produtos vendidos ao exterior daqui um ano, mas 17% creem em diminuição de vendas e 45% em manutenção.

A pesquisa mostra as medidas levantadas pelos empresários para proteger a indústria: 63% defendem a diminuição da carga tributária para o produto nacional e 9% querem impostos mais altos exclusivos para os importados. Já 9% dos consultados veem o aumento de crédito para as micro e pequenas indústrias como saída, enquanto 8% defendem a queda dos juros. Já 7% reivindicam barreiras aos produtos estrangeiros e 5% acreditam que o melhor é investir em qualificação de mão de obra nacional. Outros 3% defendem um câmbio mais flexível. “Não são medidas protecionistas, mas que fortaleçam o mercado interno para que as micro e pequenas tenham condições de competir com os importados”, afirma Grof.

Para ele, os empresários brasileiros estão tentando aumentar sua produtividade e investir na capacitação da mão de obra. “Mas hoje temos um problema de falta de competitividade por conta de outros fatores, como a questão tributária, o câmbio desvalorizado e a legislação trabalhista e ambiental que as indústrias de outros países não têm a necessidade de seguir. Aí fica complicado”, diz.

Matéria-prima

De acordo com o levantamento, 39% das empresas utilizam matéria-prima importada na fabricação de seus produtos. A maioria (62%) se disse obrigada a isso devido à falta de matéria prima similar no mercado nacional. No entanto, 38% responderam que o motivo é o preço mais baixo das importadas. “Boa parte deles importa porque, no final das contas, isso mexe no bolso. Mas quando não há matéria-prima similar nacional, não vemos como problema”, diz Grof.

Segundo o Simpi-SP, se considerado o volume de matéria-prima utilizada, a proporção média dos importados hoje chega a 28,4%. E para daqui um ano, a expectativa de 58% dos empresários é de que eles estarão importando a mesma quantidade atual, enquanto 30% projetam um aumento e 9% uma diminuição no volume de suas importações.

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