Depois da crise que teve que enfrentar, antes mesmo da desaceleração generalizada da economia, o setor moveleiro paranaense está tendo que lidar com outros dois problemas.

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Dessa vez, o que aflige empresários do ramo é a falta de mão-de-obra qualificada e os preços dos painéis e chapas de madeira – principal matéria-prima da indústria -, que aumentaram logo após o setor ganhar o empurrão da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Esses e outros assuntos estão sendo discutidos no I Congresso e IV Seminário Moveleiro Paranaense, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

O evento, que reúne empresários e profissionais do setor, foi iniciado ontem em Curitiba, mas ainda segue até sexta-feira (16) em Arapongas principal polo de fabricantes de móveis do Estado, voltado principalmente a grandes varejistas.

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Em 2009, as vendas industriais do setor, no Paraná, caíram 1,7%. Mas as vendas no primeiro bimestre de 2010 já mostraram sinais de recuperação, ficando 12,7% melhores que no mesmo período de 2009. No mesmo período, as exportações somaram U$ 12,8 milhões. E, para sustentar esse crescimento, o setor precisa contratar.

Porém, o presidente do Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Estado do Paraná (Simov-PR), Aurélio Sant’Anna, chega a apontar um apagão de mão-de-obra qualificada no setor. Ele já vislumbra, inclusive, uma tendência das empresas buscarem profissionais argentinos e uruguaios para suprir alguns postos.

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“É uma situação inevitável”, afirma ele, que também vê uma internacionalização excessiva da produção, com empresas deixando de fabricar materiais para trazê-los de países como a China.

De acordo com o presidente do Arranjo Produtivo Local (APL) de Móveis de Arapongas, Marcos Tudino, a solução que muitas empresas do município estão buscando para retomar o nível de contratações anterior à crise é a de formar mão-de-obra.

Ele afirma que, mesmo tendo períodos de ociosidade no início do ano passado em sua empresa, optou por não demitir, para evitar perder trabalhadores para o mercado informal. Arapongas é o município paranaense em que o setor mais emprega: são, hoje, 9,7 mil profissionais trabalhando com móveis.

Painéis

Para o coordenador do Conselho Setorial da Indústria Moveleira da Fiep, Constantino Bezeruska, os aumentos promovidos pelos fabricantes de painéis de madeira – itens que representam cerca de 60% do valor dos móveis – foram uma decisão “infeliz”, mas mostraram ao setor moveleiro que são necessárias novas alternativas de matéria-prima.

“Cerca de 90% da produção é em cima de chapas”, diz. Segundo ele, além de usar outros tipos de materiais, a indústria tem que lutar por uma redução nos custos de importação dos painéis.

Já Sant’Anna lembra que o aumento de mais de 8% nos painéis acabou absorvido pelos moveleiros, que estavam pressionados a baixar os preços devido à redução do IPI.

“Ao menos houve uma percepção das indústrias de que não podem mais ficar na mão de cartéis”, afirma, referindo-se aos menos de 10 fabricantes de painéis que atuam no País.