Setor gráfico tem superávit pela 1.ª vez

São Paulo – Pela primeira vez em uma década, o setor gráfico brasileiro exportou mais do que importou em 2003. O superávit, de US$ 72,8 milhões, foi obtido em grande parte com a venda de cadernos. No ano passado, o Brasil exportou US$ 33 milhões em cadernos e importou US$ 37 mil. Só esse artigo corresponde a 55% do superávit total. Em 2002, o déficit comercial da indústria gráfica havia sido de US$ 21,2 milhões. “As exportações foram a única boa notícia do setor gráfico no ano passado”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Mário César de Camargo. Apesar da queda do Produto Interno Bruto brasileiro em 2003, o faturamento do setor cresceu 2,58%, para US$ 4,53 bilhões, graças às exportações, embora, em volume, as vendas tenham caído.

Segundo Camargo, desde o pico de déficit, de US$ 450 milhões, em 1997, quando o dólar e o real estavam próximos da paridade, o setor conseguiu reverter gradativamente seu saldo comercial. “Isso ocorreu não só por causa da regularização da cotação do real, mas também pelo amadurecimento do investimento de US$ 6 bilhões feito pelas empresas brasileiras na década de 90.”

De fato, o caderno brasileiro e outros artigos de papelaria vêm fazendo nome no mercado internacional, até mesmo no Iraque. “Recebemos alguns pedidos de cotação para papel A4, envelopes, fita adesiva e caderno”, diz o presidente da recém-fundada Câmara de Comércio Brasil-Iraque, Jalal Jamel do Chaya.

Embora o Brasil esteja impedido de participar das licitações do governo iraquiano, por não ter apoiado a invasão americana, nada impede que as empresas brasileiras fechem negócios com o setor privado do Iraque, pois o embargo econômico contra o país foi retirado.

Tomando como base as exportações brasileiras para o Iraque antes do embargo, na década de 80, a Câmara de Comércio calcula que o Brasil tem um potencial de negócios de até US$ 1 bilhão este ano no país, subindo para US$ 1,2 bilhão, em média, nos próximos 5 anos. E a avaliação é conservadora, diz Chaya. “Depois de um embargo de 15 anos, o Iraque está precisando de mais coisas do que naquela época.”

Se os acordos com empresas iraquianas forem fechados, os cadernos e itens de papelaria vão abastecer até mesmo os soldados americanos. “Eles chegaram à conclusão de que é mais barato comprar esse material no mercado iraquiano do que trazer dos Estados Unidos”, diz Chaya. A expectativa é de aumentar as exportações, de US$ 180 milhões, em 2003, para até US$ 200 milhões este ano.

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