Setor de remoldados ameaça demitir

Representantes da indústria de pneus remoldados têm audiência pública hoje na Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados, em Brasília. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e demais membros do governo federal – entre eles o advogado-geral da União, José Antonio Toffoli – confirmaram presença. O objetivo é alertar sobre a possível demissão de 10 mil trabalhadores, caso o governo insista em editar medida provisória proibindo a importação de pneus usados – principal matéria-prima de aproximadamente 50 empresas do setor, de pequeno e grande porte.  

?Nossa expectativa é que esse pessoal se sensibilize e analise a situação. Até agora, a decisão de proibir a importação de pneus usados foi por preconceito?, apontou Francisco Simeão, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados (Abip) e dono da BS Colway, a maior do setor, instalada em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Simeão lembrou que, pela resolução do Conama, para importar quatro pneus usados é obrigatório destinar de forma ambientalmente adequada cinco pneus inservíveis coletados no meio ambiente, transformando-os em fonte de energia. Lembrou, ainda, que tais pneus representam 9% do total do mercado, contra 73% das multinacionais e 17% dos pneus novos importados. ?Nada disso está sendo levado em consideração?, disparou.

O setor de remoldados emprega no País cerca de 45 mil pessoas de forma direta e outras 160 mil de maneira indireta. Porém, aqueles que trabalham em empresas que utilizam o pneu usado importado como matéria-prima somam 10 mil. ?No caso de pneus de caminhão, por exemplo, a matéria-prima é brasileira?, explicou.

Só na indústria da BS Colway, cerca de 500 funcionários já foram demitidos desde o início do ano, e a produção mensal caiu de 200 mil unidades para 100 mil. Há cerca de dois meses, Simeão anunciou que a unidade estaria de mudança para o Paraguai.

Segundo ele, o governador Roberto Requião entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a proibição da importação dos pneus usados, com a condição de que a empresa permanecesse no Estado. ?Vamos aguardar entre 90 e 120 dias. Não queríamos ir para o Paraguai, mas estamos sendo praticamente expulsos?, afirmou Simeão. Caso a proibição de importar pneus usados seja mantida, a BS Colway deve iniciar a produção no país vizinho em abril de 2008. A Pneuback, segunda maior indústria brasileira do setor, instalada no Rio de Janeiro, também estaria de ?malas prontas? para o Paraguai. ?O parque industrial inteiro deve ir para lá?, comentou Simeão. 

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