Setor de porcelana pode estar ameaçado

O Paraná é uma das principais referências na produção nacional de porcelana e cerâmica de mesa. E, de acordo com o Sindicato das Indústrias de Vidros, Cristais, Espelhos, Pisos e Revestimentos, Cerâmica de Louças e Porcelana do Paraná (Sindilouça-PR), as indústrias instaladas na sua maioria no município de Campo Largo, são responsáveis por mais de 90% da porcelana fabricada no Brasil.

Mas o desenvolvimento dessa indústria pode estar ameaçada, segundo o Sindilouça. O sindicato afirma que a empresa estatal Compagás-PR, detentora do monopólio de distribuição de gás natural, está praticando preços abusivos e eliminando a competitividade dos produtores paranaenses no mercado nacional.

Para melhorar as condições de trabalho e a emissão de resíduos no meio ambiente, segundo conta José Canisso, presidente do Sindilouça, “as indústrias cerâmicas abriram mão de antigos combustíveis usados em seus fornos, como lenha, óleo e outros”. Em contrapartida, foram instalados fornos mais modernos, e que fazem a combustão a partir do gás natural. Essa iniciativa foi motivada pela construção do Gasoduto Brasil/Bolívia, que teria incentivo do governo federal.

Mesmo com todas as empresas utilizando o gás natural para a fabricação de cerâmica, o Sindilouça conta que a empresa não baixou o preço do produto. O presidente José Canisso ressaltou que duas empresas da região de Campo Largo voltaram a fazer a queima de lenha, para diminuir os custos de produção. “Além de perder lucro porque pagamos caro para fabricar, o produto final acaba saindo com valor mais alto. Isso na concorrência é decisivo. Algumas indústrias que iriam se instalar na cidade, desistiram por causa do alto custo que teriam”, alega.

De acordo com o Sindilouça, a diferença de preços praticados em outros estados é bem mais atraente e competitiva. “Em São Paulo, onde está a maioria de nossos concorrentes em pisos e revestimentos cerâmicos, o gás natural é comercializado a uma média de R$ 0,37 o metro cúbico. No restante do País, essa média varia entre R$ 0,40 e R$ 0,60. No Paraná, chega a R$ 0,86”, diz.

“A intenção não é atrapalhar o crescimento da empresa, mas estipular preços justos. Queremos negociar com a empresa um preço justo, para que todos saiam ganhando. Se isso não ocorrer, provavelmente entraremos na Justiça”, conta José.

A reportagem tentou entrar em contato com a empresa Compagás-PR, mas não obteve resposta.

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