O pré-candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) se irritou hoje durante entrevista à Rádio CBN, quando lhe perguntaram se respeitaria a autonomia do Banco Central (BC). Ele também criticou a ação da instituição durante a crise quando, em sua opinião, os juros poderiam ter caído mais. Sem responder diretamente à questão sobre autonomia, o ex-governador disse que “não haverá virada de mesa”.

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“O Banco Central não é a Santa Sé. Você acha que o BC nunca erra? Tenha paciência. Quem acha que o BC erra é contra dar autonomia e condições de trabalho? Claro que não. Agora, de repente, monta-se um grupo que é acima do bem e do mal, que é o dono da verdade e qualquer criticazinha já vem algum jornalista, já vem outro e ficam nervosinhos por causa disso. Não é assim. Eu conheço economia, sou responsável, fundamento todas as coisas que penso a esse respeito. A esse propósito, o pessoal do sistema financeiro pode ficar absolutamente tranquilo de que não haverá nenhuma virada de mesa”, disse Serra.

O ex-governador defendeu a manutenção do chamado tripé da política macroeconômica (câmbio flutuante, metas de inflação e responsabilidade fiscal), mas disse que o BC não é infalível e que, se cometer erros, o presidente deve “fazer sentir sua posição”. “Se houver erros calamitosos, que são perfeitamente possíveis de diagnosticar, acho que o presidente tem que fazer sentir a sua posição, como o atual governo faz e como o anterior governo fazia, sem que isso causasse qualquer estresse ou ataques de nervosismo”, disse.

Para o pré-candidato, “ninguém em sã consciência pode defender a posição de que quando há condições para abaixar a taxa de juros e o BC não abaixa ele está certo”. Segundo ele, houve um momento durante a crise em que a instituição poderia ter reduzido os juros. “O Brasil foi o último País do mundo a baixar, em um contexto que não tinha deflação, foi simplesmente um erro. Mesmo as pessoas que têm um conhecimento melhor, mesmo no mercado financeiro, sabem disso”.

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Em outro momento da entrevista, Serra disse estar preocupado com o atual nível dos juros e que o País deveria aproveitar, no futuro, os momentos favoráveis para reduzir a Selic (a taxa básica de juro da economia). “No curto prazo, a margem de manobra é pouca. Agora é aproveitar as oportunidades no futuro para diminuir os juros sem traumas para a economia. Estou preocupado porque entra governo e sai governo e o Brasil continua com a maior taxa de juros do mundo. O governo passado era muito atacado por isso, mas com esse governo voltou”, disse.