Sem IPI menor, carros podem subir até 6%

Um dia após o governo ter sinalizado que não vai renovar o acordo que reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos carros, representantes de algumas montadoras já falaram em aumento de preços em dezembro. Ontem pela manhã, o presidente da Ford, Antônio Maciel Neto, disse, em entrevista à agência de notícias Bloomberg, que, se o benefício não for mantido, os automóveis irão custar cerca de 6% a mais no final do ano.

O executivo afirmou que o cálculo também leva em conta a reposição salarial concedida aos metalúrgicos, categoria com data-base no segundo semestre. Segundo Neto, se o governo optasse pela manutenção da redução do IPI, o aumento nos preços seria menor, de cerca de 2%.

Na quarta-feira, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, afirmou que “não faz sentido renovar o acordo”.

José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM, também declarou que os valores dos automóveis deverão aumentar no final do ano – de 5% a 6% por conta do dissídio e 3% em razão do fim da redução no IPI.

“Vamos transferir imediatamente (o fim do benefício) para o preço, não temos a menor condição de sustentar preços nos patamares atuais sem a redução. Agora, não sabemos como esses aumentos vão ser aplicados, se tudo de uma vez ou em doses homeopáticas”, disse.

Pinheiro Neto afirmou que está pedindo ao governo a manutenção da redução do IPI para os carros bicombustíveis, que rodam com álcool, gasolina ou combinação dos dois.

“Estou conversando com autoridades que têm se mostrado favoráveis a essa questão. O carro a álcool gera emprego nas nossas fazendas e não depende de importação”, defendeu.

O superintendente da Fiat, Alberto Ghiglieno, também defendeu, por meio de sua assessoria de imprensa, a prorrogação do benefício até o mês de dezembro.

Isso porque, no último mês do ano, as vendas seriam tradicionalmente mais fracas. A posição da empresa, segundo a assessoria de imprensa, é que a manutenção da redução deveria preceder uma medida de caráter mais estrutural do governo para o setor.

A queda de 3% no IPI dos automóveis passou a valer em 6 de agosto e termina no dia 30.

O benefício foi motivo de polêmica, já que pesquisas como as realizadas pelas consultorias AutoInforme e Molicar e pela Fecomercio SP apontaram que a redução não chegou completamente ao consumidor. As montadoras negam. “De nossa parte, chegou, como demonstram as notas fiscais que entregamos ao governo, mas não podemos falar pelas concessionárias”, afirmou Pinheiro Neto.

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