Sem acordo, transporte coletivo pode fazer greve

O sistema de transporte coletivo de Curitiba pode parar na semana que vem caso as empresas concessionárias não fechem a convenção coletiva com os trabalhadores até sexta-feira. A categoria pede reajuste salarial de 15% e manutenção da cesta básica. Duas reuniões foram realizadas, na semana passada e ontem, mas ainda não houve contraproposta do sindicato patronal. Diante do impasse, já que a data-base da categoria é 1.º de fevereiro, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) solicitou uma audiência na Delegacia Regional do Trabalho (DRT/PR).

A reunião foi marcada para hoje, às 15h30. Além do Sindimoc e do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Paraná, foram convocados o Sindesmap (que representa os mecânicos, pessoal de tráfego e administrativo), a Urbs (gerenciadora do sistema de transporte coletivo de Curitiba), representantes do governo do Estado e da Prefeitura. “O objetivo é tentar que as empresas façam uma proposta, porque até agora elas não falaram em números”, explica o presidente do Sindimoc, Denilson Pires. “Eles dizem que não tem espaço na planilha para dar aumento.”

A preocupação do Sindimoc é que o prazo para concessão do reajuste expira no sábado. “Achei que neste ano a negociação seria tranqüila, mas a data limite está chegando. Se as empresas não confirmarem nada, sou obrigado a entrar com uma ação judicial para garantir a data-base e aí partir para outras providências”, avisa Pires. Caso a mesa-redonda na DRT não resolva a questão, o Sindimoc convocará uma assembléia para discutir as medidas a serem adotadas. “Se a categoria decidir, pode até vir a parar”, afirma Pires, salientando que a paralisação é a última alternativa. “Se não houver consenso no Ministério do Trabalho, vamos continuar negociando com as empresas até sexta-feira.”

Em Curitiba e Região Metropolitana há aproximadamente 10 mil motoristas e cobradores. O piso de motorista hoje é R$ 741,60 e o de cobrador, R$ 442,20. Somando o pessoal administrativo, de tráfego e mecânicos, são 13.500 trabalhadores envolvidos na negociação. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Paraná, Orlando Bertoldi Júnior, não foi localizado para explicar a posição das concessionárias de ônibus.

Tarifa

Na semana passada, a Urbs confirmou que a tarifa de ônibus será reajustada em fevereiro, provavelmente para R$ 1,70, em virtude da convenção coletiva e da defasagem do preço do diesel. Ontem, a Urbs informou que o novo valor da passagem ainda não está definido, porque aguarda o fechamento do acordo salarial para fazer a nova planilha de custos.

Vale-transporte começa a sumir

Como sempre acontece após os anúncios de aumento da tarifa de ônibus, as fichas de vale-transporte (VTs) já começaram a sumir dos locais de venda em Curitiba. Quem tem condições, aproveita o preço antigo para estocar e lucrar com a revenda quando a passagem sobe. Numa banca de revistas autorizada pela URBS, no centro da cidade, a cota de 20 mil VTs costuma durar até as 20 horas. Ontem, por volta das 16h, restavam apenas mil fichas. “Hoje não vai dar até a noite”, disse um funcionário. Segundo os donos de bancas, a Urbs já avisou que só estará repassando as cotas diárias.

“Se a Urbs liberar só a cota, vai faltar”, comentou o proprietário de outra banca autorizada. Ele acredita que na sexta-feira anterior ao aumento, a Urbs nem forneça vale. No seu estabelecimento, a demanda por VTs cresceu 10% desde a semana passada, quando a alta da tarifa foi divulgada pela imprensa. Em outro local de venda, a funcionária confirmou que a procura está maior a cada dia. Nas bancas não-autorizadas que comercializam vale-transporte, as fichas já desapareceram.

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