Selic pode cair mais, prevê ata do Copom

Brasília  – O cenário favorável indica espaço para quedas adicionais da taxa básica de juros (Selic) no futuro, informa a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada. Na reunião, o colegiado de diretores do Banco Central definiu redução na taxa Selic para 19% ao ano, principalmente devido ao controle da inflação. As projeções apontam convergência para a trajetória de metas em 2004.

A ata prevê que os índices de preços no atacado e ao consumidor apresentarão variações menores em outubro, em relação ao mês anterior, quando o aumento da inflação “correspondeu a um repique temporário”, associado à entressafra de produtos agrícolas e aumento do preço internacional de algumas commodities, como soja, além do reajuste de preços administrados, que tiveram peso de 28,75% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O Copom admite a existência, ainda, de “pressão de curto prazo”, por causa da entressafra agrícola. Mas entende que já começou o processo de reversão no comportamento dos preços de alimentos, conforme tendência verificada às vésperas da reunião pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

De acordo com a ata do Copom, a desaceleração dos preços ao consumidor decorrerá, sobretudo, dos menores reajustes dos itens administrados e monitorados. Apesar da elevação na projeção das tarifas de energia elétrica residencial no ano, de 20,8% em setembro para 21,2% em outubro, as expectativas de aumento tiveram quedas maiores em relação a combustíveis e telefonia fixa.

Para as tarifas de telefonia fixa, o Copom baixou a estimativa de reajuste de 25,7% para 25,5% neste ano – a mesma projetada em julho e agosto. Para a alta da gasolina, a projeção caiu de 2,2% para 1,3% no ano. E para o gás de cozinha (GLP), a estimativa é de 5,3%, contra os 5,4% projetados em setembro.

Os indicadores apresentados pelo Copom sobre o nível de atividades no comércio, indústria e serviços confirmam o cenário de recuperação da economia, com base em pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio) e FGV. Este cenário levou o Copom a admitir que “o quadro de retomada da produção industrial deverá se consolidar nos próximos meses, em função das perspectivas favoráveis para recuperação das vendas reais do comércio”.

O comitê avalia também que “o cenário externo permanecerá mais favorável para a economia brasileira, nos próximos meses, do que em anos recentes”. Esta avaliação reflete o bom desempenho do saldo da balança comercial, a redução da dívida atrelada ao câmbio e a queda da volatilidade da taxa de câmbio, com o dólar norte-americano estável em R$ 2,85.

Ainda de acordo com a ata da reunião do Copom, a redução do risco-País, a estabilidade cambial e o bom desempenho das contas externas “são conseqüências da consistente política macroeconômica e da conjuntura internacional favorável, caracterizada por uma perspectiva de crescimento econômico dos Estados Unidos e da Ásia”.

Chefe do FMI defende queda dos juros

Brasília

(AG) – O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Jorge Marquez-Ruarte, defendeu ontem a redução da taxa de juros básica da economia (Selic). Segundo ele, essa queda vai ajudar a fortalecer o crescimento econômico. Ele voltou a afirmar que a recessão está terminando e que o Brasil está entrando num período de crescimento que deve se intensificar em 2004. “No momento em que a inflação está sob controle é apropriado que as taxas de juros caiam, o que ajudará a fortalecer o crescimento econômico”, disse Ruarte.

O chefe da missão preferiu não fazer previsões dos juros ideais para o Brasil. “Não faço previsão. Prever o futuro é arriscado”, afirmou. Embora já comemore o controle da inflação, Ruarte alerta que é preciso que se tenha cuidado e siga vigiando o comportamento dos preços tomando medidas apropriadas em cada momento. “O Brasil superou uma crise muito grande e agora a situação está muito melhor do que há um ano, mas é importante seguir vigilante”.

Segundo ele, há sinais de que a recessão acabou e que o País está entrando em período de crescimento. “E esperamos que ele continue e se fortaleça em 2004. É claro que entramos em um período importante de crescimento. E para que as taxas sigam baixando mais, é importante que se tenha cuidado e continue vigiando”.

Perguntado sobre a possibilidade de crescer com um acordo com o FMI, Ruarte respondeu: “Todos os programas do fundo são parceiras para o crescimento. Essa é a intenção do FMI. Em certos momentos, promover o crescimento quer dizer sair das crises e colocar as bases para baixar a inflação e melhorar a situação fiscal”.

Depois de se encontrar com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, Ruarte declarou que a conjuntura econômica brasileira permite ao governo ter tranquilidade para decidir se precisa sacar a última parcela, de US$ 8 bilhões, do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo ele, a decisão do governo brasileiro sobre a assinatura de um novo acordo com o Fundo somente deverá sair na próxima semana.

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