Segundo Meirelles, a crise é monitorada “hora a hora, dia a dia”

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, destacou nesta segunda-feira (22) que o fato de o Brasil estar passando relativamente bem pela crise financeira global não significa que exista subestimação da turbulência pelo governo. “Estive nos Estados Unidos há poucos dias e estamos monitorando a crise hora a hora, dia a dia, e tomando todas as medidas necessárias”, afirmou durante o fórum de debates político e empresarial, realizado na capital paulista pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB-SP).

Meirelles disse estar sereno em relação ao condicionamento do País, explicando que o Brasil está fazendo o seu dever de casa. Isso é importante, segundo o presidente do Banco Central, para que não haja retrocesso em relação às conquistas recentes da economia que ajudam a amortecer os impacto de crises externas. “Transmito neste momento que é uma fase de seriedade, não de comemoração no mundo. O Brasil está preparado”, afirmou.

Diferenças

O quadro regulatório do sistema financeiro dos Estados Unidos era muito liberado, principalmente em relação aos bancos de investimentos, avaliou Meirelles. “Isso é diferente no Brasil. Aqui todos são regulamentados pelo Banco Central”, afirmou. De acordo com ele, os principais efeitos das perdas de capital dos bancos são dois: os bancos podem emprestar menos e há maior insegurança.

O presidente do Banco Central quis tranqüilizar os participantes do fórum em relação ao cenário de crédito brasileiro ante o dos Estados Unidos, principal gatilho da atual crise financeira global. Para Meirelles, apesar de o crédito ter “crescido bastante” no Brasil nos últimos anos, o que, segundo ele, é positivo, a taxa de empréstimos passou de 22% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas produzidas no País) no início do atual governo para 37% do PIB atualmente. Nos EUA, a taxa de crédito supera o PIB, lembrou Meirelles. “Estamos muito longe de onde chegaram os EUA no nível de endividamento da sociedade”, comparou.