Secretaria propõe dobrar produção de pescados

Porto Alegre

– O governo brasileiro já trabalha com a perspectiva de dobrar a produção e captura de pescados até o final de 2006, ampliando a meta inicial, que era de passar das atuais 985 mil toneladas por ano para 1,5 milhão de toneladas por ano. A perspectiva mais otimista foi apresentada pelo chefe de gabinete da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, Marcel Frison, durante o primeiro dia do Fórum Internacional das Águas, em Porto Alegre.

O cenário traçado por Frison conta com a linha de crédito de R$ 1,5 bilhão que será liberada em breve para projetos de aqüicultura, industrialização de pescados e melhoria da frota oceânica. “A área tem retorno financeiro rápido”, observa Frison. “Só a aqüicultura vem crescendo 25% ao ano”. O segmento já responde pela produção de 260 mil toneladas anuais de peixes, moluscos e crustáceos. E tem uma vasta fronteira, de cerca de 2 milhões de hectares de águas alagadas, para ampliar suas atividades.

Mas não basta produzir mais. Os incentivos governamentais serão destinados à infra-estrutura e à complementação de toda a cadeia, para que o produto possa ser processado, armazenado e distribuído até disputar espaços nos supermercados com os segmentos de proteína de animais terrestres já consolidados, como os das aves, suínos e bovinos.

Sustentável Em outra frente, Frison adverte que os projetos devem ser sustentáveis e preservar o meio ambiente. “Em alguns locais está se produzindo mais do que é tecnicamente recomendável”, revela, expondo um problema atual da aqüicultura, que também já avançou sobre manguezais e áreas públicas.

Na pesca oceânica, que está estagnada, a prioridade é qualificar a frota, para que o Brasil possa disputar o grande estoque de atuns e assemelhados em águas internacionais. Isso, acredita Frison, abre espaço para que os pescadores artesanais, sem a mesma capacidade logística, sobrevivam de espécies capturadas na costa, como tainhas e lagostas, enquanto seus concorrentes buscam em águas mais profundas os peixes capturados com mais tecnologia.

“O pescador também está convencido de que os métodos atuais estão esgotados”, destaca. A pesca predatória, lembra Frison, só vai acabar quando existirem novas alternativas econômicas para a atividade tanto na costa como mar adentro.

Governos formalizam negociação

São Paulo (AG) – Os governos brasileiro e norueguês assinaram ontem memorando de entendimento sobre diretrizes técnicas higiênicas e sanitárias para o comércio bilateral de produtos da pesca e aqüicultura e seus derivados. O documento foi assinado pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e pelo ministro da Pesca da Noruega, Svein Ludvigsen. O acordo deve facilitar as negociações de pescados entre os dois países, abrindo perspectivas para que o Brasil exporte camarão de cultivo para aquele mercado.

O memorando institui a equivalência entre os sistemas de inspeção de pescados dos dois países, com base no Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle. Representa também o mútuo reconhecimento das legislações de inspeção e controle de qualidade de produtos pesqueiros. Com isso, o Brasil poderá, por exemplo, controlar melhor a qualidade do bacalhau importado da Noruega.

O acordo foi assinado no final da apresentação sobre a economia brasileira e as oportunidades de investimentos, no Itamaraty. O evento reuniu autoridades e empresários noruegueses que fazem parte da comitiva do rei Harald V, que está visitando o Brasil.

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