Saída de estrangeiro de ações oscila mês a mês, diz BC

O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, não demonstra preocupação com a saída de investidores estrangeiros das ações brasileiras em maio. “São oscilações mês a mês, não há indicação disso”, disse Rocha na quinta-feira, ao ser questionado sobre a possibilidade de uma fuga de recursos internacionais do Brasil.

“Os movimentos nas ações são mais voláteis, esses movimentos são determinados pelas perspectivas de curto prazo na Bolsa”, disse durante entrevista para apresentar dados mensais sobre a evolução das aplicações estrangeiras.

A Bovespa divulgou na véspera a saída de capital estrangeiro em ações de R$ 3,085 bilhões até o dia 21 de maio, representando o maior valor mensal desde o registrado em outubro de 2008, no auge da crise financeira na ocasião, quando os saques somaram R$ 4,685 bilhões.

Rocha também se declarou tranquilo quanto à evolução da dívida externa do Brasil, mesmo no atual cenário de crise. “O perfil da dívida que temos hoje é bem melhor do que o visto em 2008. Nos movimentos recentes, houve redução do endividamento de curto prazo.”

Dados divulgados mais cedo pelo BC indicaram que a dívida externa estimada de abril somou US$ 297,257 bilhões. Em dezembro de 2011, estava em US$ 298,204 bilhões. Um ano antes, no fim de 2010, o valor era de US$ 256,804 bilhões. “A dívida externa tem se mostrado estável ao longo dos últimos meses”, avaliou o chefe-adjunto.

Taxa de rolagem

Rocha informou que a taxa de rolagem total dos empréstimos externos em maio, até o dia 22, está em 93%, sendo que a taxa doe empréstimos no ficou em 102% e a de papéis, em 81%, no período.

Para ele, apesar de a taxa de rolagem ter sido inferior a 100% em abril e maio, não há sinais de temores com a oferta de crédito das empresas brasileiras. “A captação não precisa cobrir 100% dos deveres todos os meses. Em momentos de estresse pontual, as empresas podem esperar para captar recursos em outro momento.”

O técnico do BC comentou que, no início do ano, quando as taxas de rolagem chegaram a patamares superiores a 400%, muitas empresas conseguiram volumes expressivos em captações e podem, até agora, estar bem capitalizadas.

O BC divulgou ainda que o investimento total em ações em maio até 22 foi negativo em US$ 1,746 bilhão. Já o investimento em renda fixa atingiu US$ 588 milhões.