Responsabilidade social em discussão

A falta de informações tem afastado investimentos em projetos sociais e culturais. As leis de incentivo ainda são pouco utilizadas pela maioria dos empresários brasileiros. Para tentar mudar esse panorama, a Dharma – Associação de Capacitação Social, uma organização não-governamental de Curitiba – promoveu ontem um encontro para discutir o assunto. Cerca de 140 empresários participaram do evento.

“Isso demonstra que as grandes e médias empresas estão interessadas em investir, mas não sabem como fazer”, disse o diretor executivo da Dharma, Eduardo Almeida. Ele acrescentou que o primeiro passo para iniciar um projeto social está na capacitação e aproximação com os três setores – governo, empresas e ongs. Além disso, destaca Almeida, é preciso costurar as relações com o público interessado, e ter certeza das ações para conquistar os objetivos almejados.

Um dos principais atrativos, ainda pouco explorado no País, é a utilização de tributos para a aplicação em projetos e patrocínios. “É um recurso que não sai do bolso do empresário, já que ele pode deduzir de impostos obrigatórios”, disse. Com isso, os projetos conseguem sustentabilidade e continuidade.

De acordo com o vice-coordenador do Núcleo de Estudos e Pequisas do Terceiro Setor da Universidade Tuiuti, Fernando Borges Mânica apenas 6% das empresas brasileiras – 1% no Sul do Brasil – utilizam benefícios fiscais para apoiar projetos. “Isso por falta de conhecimento e desconfiança”, disse Mânica. Ele explicou que hoje é possível deduzir, até o limite de 1% do Imposto de Renda devido, doações a fundos da Criança e Adolescente, por exemplo. As doações para organizações sociais civis de utilidade pública podem ser de até 2% do lucro operacional das empresas, sendo que o abate pode ser integral como despesa operacional.

Através das Lei Rouanet de incentivo à cultura, os benefícios podem chegar a 84% do valor deduzido, para doação ou patrocínio. Para algumas atividades como artes cênicas e livros, a dedução pode ser de 100% do valor devido. Em Curitiba, comentou Mânica, também é possível utilizar incentivos através do IPTU e ISS. “As opções existem, e basta os empresários saberem aplicar esses recursos”, finalizou.

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