Renda dos trabalhadores continua em queda

O rendimento médio real dos trabalhadores e a massa de salários caíram no primeiro semestre deste ano, na comparação com igual semestre de 2003, mas a intensidade da queda foi bem menor do que a que vinha sendo verificada num primeiro semestre desde 2001. A conclusão é do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em estudo sobre o quadro do mercado de trabalho no primeiro semestre nas seis principais regiões metropolitanas do País.

Segundo os cálculos do Iedi, baseados em dados divulgados pelo IBGE, o rendimento médio dos trabalhadores caiu 2,48% no acumulado dos primeiros seis meses deste ano ante igual período do ano passado, enquanto a massa salarial recuou 0,27% nessa base de comparação. No primeiro semestre de 2003 as quedas haviam sido bem mais intensas, de 10,35% no rendimento e 5,18% na massa.

Dados também piores do que os deste ano foram registrados no primeiro semestre de 2002, com queda de 4,35% no rendimento e recuo de 2,71% na renda. No primeiro semestre de 2001, a situação havia sido um pouco melhor, com queda de 1,22% na renda no primeiro semestre, mas crescimento de 1,15% na massa salarial.

O Iedi lembra que o rendimento médio vem caindo ininterruptamente desde 1999, “retratando não só as condições adversas para quem pleiteia ocupação nos grandes centros, mas também o fato de a economia brasileira não ter conseguido entrar numa trajetória de crescimento duradoura ao longo de todo esse período”.

Os cálculos de rendimento médio e massa salarial do Iedi foram feitos sobre dados da renda efetivamente recebida (que inclui benefícios e extras) dos trabalhadores, e não do habitualmente recebido (remuneração sem gratificações) que vem sendo divulgado com mais freqüência pelo IBGE.

Pespectivas

O diretor-executivo do Iedi, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, disse que os indicadores dos últimos dois meses do mercado de trabalho, que apontaram crescimento do emprego e da renda, projetam uma tendência de aumento da massa salarial e do rendimento médio dos trabalhadores no segundo semestre deste ano ante igual período do ano passado.

Segundo ele, o rendimento dos ocupados hoje depende basicamente do aumento do emprego, que já está ocorrendo, e do controle da inflação, que também é realidade, o que favorece novos dados positivos para o segundo semestre. Para ele, o resultado do aumento do rendimento e da massa salarial, que deverá acelerar nos próximos meses, será um aquecimento mais forte do mercado interno, que por sua vez elevará as contratações dos segmentos de bens não-duráveis (alimentos, calçados, vestuário).

Outro efeito será um aquecimento do segmento de serviços que, na avaliação de Gomes de Almeida, também será beneficiado pela aceleração na recuperação do rendimento dos trabalhadores.

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