Renda do Trabalhador caiu 8,3% no ano passado

Pelo quinto ano consecutivo, o rendimento do trabalhador voltou a cair em 2002. De acordo com a pesquisa da Fundação Seade e do Dieese, a queda foi de 8,3%. O rendimento médio mensal dos ocupados passou de R$ 969 em 2001, para R$ 889 no ano passado. Na comparação com 1997, último registro de alta no rendimento, a queda chega a 28,3%.

Entre os assalariados em particular, a redução foi de 7 5% na comparação com 2001. No ano passado, o salário médio ficou em R$ 929, valor 24,3% menor do que o registrado em 1997.

Na avaliação do diretor-técnico do Dieese, Sérgio Mendonça, a perda de poder aquisitivo do trabalhador é um dos fatores que contribuem para o aumento do desemprego. Para Mendonça, a retração da demanda é o que melhor explica a redução de 0,2% registrada no nível de emprego dos setores de serviços e do comércio no ano passado.

A gerente de Análises da Fundação Seade, Paula Montaner, ressalta que o comportamento desfavorável dos rendimentos deveu-se aos cortes generalizados nas remunerações médias dos segmentos dos ocupados. A situação dos autônomos é a pior de todas: a redução foi de 10,5% em relação a 2001. Se comparado com 1997, a perda chega a 34,5%.

No setor privado, o salário médio caiu 8,2% ante o ano anterior, variação superior à registrada entre os assalariados do setor público (6,5%). Para os assalariados com carteira assinada, a redução foi mais intensa do que a dos sem carteira: 8,6% contra 6%.

A pesquisa indica ainda uma mudança na apropriação de renda: os 50% de ocupados com menores rendimentos, que em 2001 tinham 17,1% do total da massa de rendimentos, passaram a responder por 17,5%. Já a parcela apropriada pelos 10% com maiores rendimentos diminuiu de 41,2% para 40,8%. “Todo mundo perde, mas é a classe média que está perdendo mais”, diz Mendonça.

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