Relatório diz que Brasil está menos competitivo

O Brasil perdeu pontos no ranking de competitividade do World Economic Forum (WEF), que divulgou ontem seu relatório 2003-2004, baseado em pesquisa de opinião na qual foram ouvidos os principais executivos de empresas de 102 países, que representam 98% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Em termos globais, o Brasil caiu da 46.ª em 2003 para 54.ª posição em 2003. Na América Latina, caiu do 4.º para o 7.º lugar entre 21 países. Segundo o economista-chefe do World Economic Forum e diretor do Programa de Competitividade Global, Augusto López-Claros, a mudança de classificação do País no ranking global não foi muito acentuada. Ele explica que houve a inclusão de mais países no ranking – o número total é 102, em relação a 80 no ano passado – e a adoção de nova metodologia de análise.

Em termos globais, de acordo com os critérios do WEF, os dez países mais competitivos são Finlândia, Estados Unidos, Suécia, Dinamarca, Taiwan, Cingapura, Suíça, Islândia, Noruega e Austrália. O ranking do WEF compõe-se de três categorias – quadro macroeconômico (questões fiscais, inflação, acesso a financiamentos), qualidade das instituições públicas e tecnologia.

No indicador de instituições públicas, entre 21 países da América Latina, o Brasil caiu da 4.ª posição para a 6.ª, enquanto Chile e Uruguai mantiveram a mesma colocação, 1.º e 2.º lugares, respectivamente. O WEF destaca o comportamento do Chile, o mais competitivo da América Latina. O México foi o que apresentou um salto maior no ranking global, subindo seis posições, de 53 para 47. Em geral, os países da região caíram em termos de competitividade global em relação ao ano passado. Os casos mais notáveis são os do Brasil, Argentina e México.

Desvantagens

As desvantagens competitivas maiores do Brasil são acesso a financiamento e instabilidade macroeconômica. O País obteve notas baixas em áreas como crime organizado, inflação e déficit/superávit do setor público. Apesar disso, o Brasil foi bem classificado por seu desempenho tecnológico. “Se existe uma lição a se extrair do relatório”, diz López-Claros, é que “a força e a coerência das políticas governamentais têm uma enorme importância na classificação de um país”.

Os fatores mais problemáticos para empresários fazerem negócios no Brasil, por ordem de importância, são: acesso a financiamentos, regulamentação tributária, carga fiscal, burocracia ineficiente, corrupção, regulamentação restritiva na área trabalhista, crime e roubo, força de trabalho inadequadamente treinada, infra-estrutura deficiente, instabilidade política, inflação e regulamentação de moeda estrangeira.

O pior resultado para o Brasil dentro do ranking global de competitividade encontra-se no aspecto macroeconômico. Nesse indicador o País obteve a 75.ª posição, sendo que em estabilidade macroeconômica a colocação foi pior – 88.º lugar. A situação se deteriorou em 2002, período em que se baseia a pesquisa. Os executivos foram consultados no primeiro semestre deste ano, mas as opiniões refletem o quadro do ano passado, quando o País foi alvo de ataque especulativo em período eleitoral: o real se desvalorizou e o risco-País chegou a um de seus níveis mais altos.

Em 2002 (que reflete a situação em 2001), o Brasil estava em 56.ª posição entre 80 países em termos de comportamento da inflação. Mas em 2003, entre 102 países, está em 80.º lugar. No ano passado, o Brasil estava sob pressão e houve uma notável deterioração da situação fiscal. Nesse indicador, em 2002, o Brasil estava em 51.º lugar; em 2003, em 87.º.

López-Claros acredita que a pesquisa de 2004 mostrará uma melhora na situação fiscal brasileira. No ranking deste ano, o Brasil aparece como um dos maiores spreads (taxa de risco) do mundo – ocupa a 100.ª posição entre 102 países. “Muito da deterioração macro vem da situação fiscal”, explica o economista.

Outro componente do ranking é a qualidade das instituições. O WEF mede o grau de independência do sistema judiciário vis-à-vis as influências políticas. Neste caso, a deterioração no Brasil é indicada pelos seguintes números: em 2002, o Brasil estava em 42.º lugar, em 2003, em 52.º. Quanto ao ranking de corrupção, passou de 49.º lugar para 56.º.

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