O deputado Geninho Zuliani (DEM-SP), relator do projeto de lei que atualiza o marco regulatório de saneamento na comissão especial da Câmara, disse que consultou o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os riscos de judicialização do sistema de blocos de municípios estabelecido pelo projeto. “O prefeito pode querer que a cidade fique fora, e o governador, que ela fique dentro. O governador põe em uma lei e ele (prefeito) não quer. Quem vai prevalecer? Temos dúvidas jurídicas sobre isso, sobre a sustentação jurídica desse bloco”, explicou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).

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Ele disse que aguarda respostas ao questionamento já encaminhado ao presidente da Corte, ministro Dias Toffoli.

O texto que veio do Senado estabelece que a titularidade do saneamento será de “interesse comum”, e não “local”, em municípios onde os serviços não forem atendidos via infraestruturas e instalações operacionais próprias. Ou seja, o conceito abrangerá a grande maioria das cidades brasileiras.

Em debate realizado na manhã desta segunda-feira em São Paulo, Zuliani reconheceu que, na prática, o funcionamento dos blocos municipais pode “patinar” – daí a necessidade de entender de antemão as questões jurídicas que envolvem esse sistema. Ele lembrou que em, regiões metropolitanas, essa dúvida não se aplica, uma vez que o STF já entendeu que, nesses casos, a titularidade é de interesse comum.

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Zuliani afirmou ainda que, em sua avaliação, a Constituinte “errou” ao estabelecer que a titularidade dos serviços de saneamento é municipal. “Deveria ser de titularidade comum, das bacias hidrográficas”, defendeu.

Apesar disso, Zuliani afirmou que não há como discutir o tema via Proposta de Emenda à Constituição (PEC), uma vez que isso atrasaria a atualização do marco regulatório do setor.

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Mesmo com os potenciais problemas que podem surgir com os blocos, o parlamentar destacou que acredita nessa solução para viabilizar a universalização do saneamento. Ele apontou que o governo da Bahia já conseguiu aprovar, em Assembleia Legislativa estadual, a criação de 21 microrregiões de saneamento básico. “Vemos a iniciativa da Bahia de liderar esse processo”, salientou.

Privatizações

Segundo o relator do PL, também foi questionado ao Supremo sobre a necessidade de anuência de prefeitos para que uma companhia estatal estadual seja vendida à iniciativa privada. Ele afirmou que não há clareza sobre esse ponto.