Reformas são exemplo de solidariedade, diz Lula

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o Estado precisa criar condições para que o individualismo ceda lugar ao consenso e à solidariedade com as pessoas que passam fome.

Lula chamou a atenção para os números chocantes do desperdício no Brasil, país que joga 14 mil toneladas de alimentos no lixo a cada ano, enquanto 46 milhões de pessoas sofrem de desnutrição.

Segundo o presidente, não é possível construir uma sociedade justa, solidária e republicana como o Brasil quer ser, se os brasileiros não desenvolverem ações práticas para minimizar o sofrimento dos que passam fome. “O desperdício é um escárnio de desigualdade, é o privilégio que vai para o lixo. Combatê-lo, portanto, é um compromisso ético e prático com a mudança”, disse.

É essa compreensão que, segundo Lula, tem permeado as negociações das reformas e a criação de novas instâncias de discussão democrática. “Não se trata de passar por cima de conflitos de interesse, porque a política existe justamente para legitimar o diálogo entre as diferenças. Mas se trata, sim, de reforçar convergências que nos permitam entender o interesse do outro como parte do nosso próprio interesse, sem o que fica muito difícil construir um projeto democrático de desenvolvimento socia””, afirmou.

Como exemplo de convergência solidária, o presidente citou as reformas tributária e da Previdência. “A Previdência Social é um bom exemplo de convergência solidária. Por isso, nós fizemos a sua reforma, para que ela se mantenha como uma ponte sólida entre gerações, na qual os jovens pagam hoje para sustentar os que pagaram ontem, porque também serão beneficiados pelos que virão amanhã”, disse. A legislação tributária, segundo Lula, é outra ferramenta de solidariedade porque permite a distribuição de riqueza e evita a guerra fiscal, que “desarmoniza a federação e aprofunda os desequilíbrios regionais”.

O presidente participou, na Confederação Nacional do Comércio (CNC), da cerimônia que comemorou a implantação do programa Mesa Brasil, pelo Sesc, em todo o País. O programa age como uma ponte entre empresas que têm alimentos excedentes -sem valor comercial, mas em condições de consumo – e entidades que atendem à população carente. Criado em fevereiro deste ano, o programa está presente em todos os estados brasileiros e já distribuiu 2,5 mil toneladas de alimentos a quase 700 mil pessoas carentes. Antes de serem doados a instituições de caridade, esses alimentos, perfeitos para o consumo, eram jogados no lixo.

“Desperdício afeta desenvolvimento”

Brasília

– A cada ano, mais de 14 mil toneladas de alimentos são perdidas no Brasil, país que possui cerca de 46 milhões de pessoas desnutridas. Esse desperdício foi duramente criticado pelo presidente. “Não é possível construir uma sociedade justa, solidária e republicana como o Brasil quer ser, se a gente não abdicar, pelo menos, do desperdício”, disse Lula. A solidariedade com os mais humildes, segundo Lula, é um “imperativo para a transformação”. O presidente ressaltou que o governo está fazendo sua parte e apresentou os avanços do Programa Fome Zero.

Presente em 1.277 municípios, o Cartão Alimentação foi pago a mais de um milhão de famílias em outubro, um salto de 43% em relação a setembro. Além disso, 174 mil famílias de sem-terra e cerca de 11,5 mil famílias indígenas receberam cestas básicas. O governo, segundo Lula, dobrou o valor da merenda na pré-escola, o que beneficiou 4,6 milhões de crianças de 4 a 6 anos de idade. Ao falar sobre a parceria de empresas e instituições privadas nos projetos do governo, o presidente se mostrou espantado com a ajuda recebida da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). “Iniciamos a construção de 22 mil cisternas no nordeste e, pasmem, em parceria com a Febraban”, observou.

O presidente elogiou a iniciativa do Programa Mesa Brasil e disse que espera, no próximo ano, ser convidado novamente para a apresentação de resultados ainda mais expressivos. “Eu tenho a esperança de que o gesto que vocês estão fazendo possa se multiplicar o mais rápido possível, porque todos nós podemos esperar, mas quem está com fome não pode esperar”, disse.

Voltar ao topo