Refeição fora de casa é a vilã da inflação em 2008

Comer fora de casa ficou muito mais caro para todas as faixas de renda. Segundo dados do IBGE, a refeição fora de casa correspondeu, sozinha, por 10% da taxa de 5,23% acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período de janeiro a outubro deste ano.

Com alta de 13,1% nos preços no período, esse item tem pressionado não apenas os consumidores na faixa de renda da inflação oficial, de um a 40 salários mínimos (R$ 415 a R$ 16.600), mas também aqueles que têm renda de um a seis salários mínimos (R$ 415 a R$ 2.490) e cujas despesas são medidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também calculado pelo IBGE. No INPC, no qual os alimentos têm peso elevado, a refeição fora de casa já subiu 12,67%.

Cerca de 25% das despesas com alimentos das famílias são gastas nas refeições fora do domicílio. O aumento nesse item no 10 meses deste ano, tanto no IPCA quanto no INPC, já supera com folga o contabilizado em todo o ano passado, respectivamente de 7,8% e 8%.

A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, explica que a refeição fora do domicílio tem forte peso no IPCA e sofre pressão não apenas da alta dos alimentos, que vem ocorrendo desde o início do segundo semestre do ano passado, mas também dos aumentos em serviços como aluguel (o item aluguel e taxas subiu 4,87% no IPCA acumulado de janeiro a outubro) e, ainda, do reajuste do salário mínimo.

Eulina lembra que a alimentação fora de casa é um importante componente das despesas das famílias, especialmente nos grandes centros urbanos. Segundo a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, referente a 2002/2003 e que é base da metodologia de cálculo do IPCA, revela que o gasto com refeições fora de casa chega a 25% das despesas das famílias brasileiras com alimentação, chegando a de 26% no Estado de São Paulo e a 32,6% no Estado do Rio de Janeiro.