Redução nos preços do boi gera polêmica

A queda nos preços do boi, que vem ocorrendo há alguns meses, tanto para o produtor como no atacado, não estaria chegando ao consumidor final, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

A entidade culpou, ontem, os supermercados – responsáveis pela comercialização de 70% da carne consumida no Brasil – pela defasagem, apontando margens de lucro que passariam de 100%. A declaração causou polêmica e foi contestada, também ontem, pela Associação Paranaense de Supermercados (Apras).

Segundo o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, em alguns tipos de cortes os preços estariam até sendo elevados no varejo, seguindo o caminho contrário da redução de valores por produtores e frigoríficos. “Claro que cada um faz o seu preço. Mas desta vez a coisa está incomodando e até penalizando a cadeia produtiva”, afirma Salazar.

A associação informa que o preço da arroba do boi no Paraná (Maringá), que em 15 de setembro de 2008 chegou a R$ 88,00, em 12 fevereiro de 2009 estava cotado a R$ 75,00 – uma queda de quase 15%.

Ainda segundo a Abrafrigo, nos preços praticados pela indústria, houve reflexo da redução, com quedas nos valores dos cortes mais consumidos no País. No patinho, por exemplo, a redução apontada pela entidade foi de quase 20%, com o preço do produto caindo de R$ 7,60, em 15 de setembro, para R$ 6,60 em 12 de fevereiro. Já o quilo do coxão mole teria caído de R$ 7,70 para R$ 7,50 – uma redução de 2,6%.

Por outro lado, a associação dos frigoríficos informa que, no varejo, os preços seguiram caminho inverso. O quilo do coxão mole teria subido, segundo a Abrafrigo, 9,7% no período analisado, saindo de R$ 13,63, em setembro, para R$ 14,96 em fevereiro.

No patinho, o valor do quilo teria passado de R$ 12,94 para R$ 14,39, numa alta de 11,2%. Segundo a associação, a margem de lucro do varejo, que era de 77% para a comercialização do coxão mole em setembro, foi elevada para 99% em fevereiro. No patinho, a margem era de 70% e foi elevada para 121%.

Contestação

A Apras contestou a afirmação do presidente da Abrafrigo. Em um comunicado à imprensa, a entidade afirmou que, o varejo de alimentos, pelo contrário, tem repassado os valores na íntegra para os consumidores. “Nas últimas semanas, o quilo de cortes nobres como o mignon era vendido por R$ 12,97”, dizia a nota.

O comunicado continuou dando exemplos de duas grandes redes de supermercados em Curitiba, que, em setembro de 2008 pagavam pelo coxão mole um preço de atacado de R$ 8,45.

“Em fevereiro, o mesmo corte era comprado por R$ 8,99 pelo varejo – aumento de 6,4%”, informa a nota, ressaltando que, no caso do patinho, a queda foi de -8,1% em relação a setembro. “Sendo assim, no momento em que houve queda nos preços da carne no atacado, os valores foram integralmente repassados para o consumidor final”, finaliza a nota da Apras.

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