Redução nos combustíveis vai frustrar o consumidor

Pela primeira vez desde que assumiu, o novo governo decidiu mexer no preço da gasolina. A Petrobras anunciou ontem redução de 10% nos preços da gasolina e óleo diesel na refinaria, excluídos a Cide e o PIS/Cofins, e de 18,3% nos preços do óleo combustível. Os novos preços valem a partir da zero hora de amanhã. Considerando a cobrança dos impostos, a redução no preço da gasolina cai para 6,5% e a do diesel, para 8,6%.

Segundo o presidente da estatal, José Eduardo Dutra, a queda nos preços foi possível diante da queda do dólar desde o início do ano e a baixa na cotação do barril de petróleo. De acordo com Dutra, “é um movimento coerente com o regime de mercado aberto e competitivo, alinhando os preços aos dos concorrentes”. Ele disse que a Petrobras fez o que podia fazer e que agora cabe aos governos estaduais e aos revendedores fazer os ajustes para levar essa redução aos consumidores.

Reflexo local

“É uma redução tímida que vai frustrar o consumidor”, reagiu o presidente do Sindicombustíveis/PR (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados do Paraná), Roberto Fregonese. “Achei frustrante o índice, porque a Petrobras tinha espaço para uma redução muito maior”. Pelos cálculos do sindicato, o litro da gasolina terá uma queda de R$ 0,055, enquanto o do óleo diesel cairá R$ 0,062. O valor de realização da gasolina na refinaria, antes dos impostos, diminuirá de R$ 0,8518 para R$ 0,7964. Já o do diesel será reduzido de R$ 0,7309 para R$ 0,6680.

Considerando que o preço médio da gasolina em Curitiba é R$ 2,09, o valor após a redução ficaria entre R$ 2,03 e R$ 2,04. Porém, como os preços variam de R$ 1,99 a R$ 2,29, é possível que alguns estabelecimentos consigam vender por menos de R$ 2, “que é o que se esperava”, salienta Fregonese. O custo das distribuidoras para os postos de Curitiba e região varia hoje de R$ 1,94 a R$ 2,11, conforme pesquisa da ANP (Agência Nacional de Petróleo).

Na avaliação de Fregonese, os novos preços só devem vigorar a partir de sexta-feira. “Como existem estoques com preço velho e o setor trabalha com margens extremamente apertadas -ao redor de R$ 0,09 por litro -os empresários não vão desprezar um centavo que seja”, comenta. Apesar dos bombeios com os novos valores começarem a valer na quarta-feira, Fregonese ressalta que somente após o zeramento dos estoques, os postos devem vender combustíveis mais baratos. O feriado na quinta-feira também deve retardar o benefício ao consumidor, prevê.

Mais reduções à vista

Dutra também informou que a partir de 1º de maio o preço da nafta devem cair em torno de 30% e o do querosene deve ser reduzido em cerca de 20%. O preço do gás de cozinha (GLP) não será reduzido neste momento. “Naturalmente, se o preço do petróleo e o dólar continuarem caindo, talvez no futuro vamos baixar também o gás de cozinha”, sinalizou o presidente da Petrobras.

Para os analistas, a redução do preço dos combustíveis deve segurar a inflação, que demora a ceder, e poderá facilitar a queda na taxa de juros, hoje em 26,5%. Os combustíveis, especialmente a gasolina e o gás de cozinha, têm forte peso no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – o índice de preços oficial do país.

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