Recuperação da indústria frustra empresários

A Sondagem Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgada ontem, revelou uma frustração dos empresários da indústria no primeiro trimestre do ano. Mas as expectativas para o futuro continuam positivas, de acordo com a pesquisa.

A frustração, segundo o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, ocorreu porque as expectativas de retomada da atividade industrial eram melhores que o resultado obtido no primeiro trimestre. “A trajetória de recuperação continua, mas em ritmo menos intenso que o esperado”, disse.

De acordo com a pesquisa, o indicador das condições atuais da economia brasileira piorou na percepção dos industriais, passando de 56,1 pontos no último trimestre de 2003 para 39 pontos nos primeiros três meses deste ano.

A Sondagem Industrial utiliza uma escala de zero a 100, sendo considerados como positivos os indicadores acima de 50 pontos e negativos abaixo dessa pontuação.

O resultado estaria influenciado, segundo análise da CNI, pela crise política e de governança no Executivo, a paralisia na condução das reformas no Congresso, e a suspensão do processo de redução da taxa básica de juros (Selic).

Expectativas

O indicador de expectativa dos empresários com relação à economia brasileira para os próximos seis meses caiu 12 pontos do último trimestre de 2003 para o primeiro deste ano, passando de 66 pontos para 54 pontos.

Por outro lado, as expectativas com relação ao faturamento nos próximos seis meses subiram de 58,1 pontos para 59 pontos de um trimestre para o outro, sobre as compras de matérias-primas de 56,2 para 59 pontos, sobre o número de empregados de 50,9 para 52,1 pontos e em relação às exportações de 58,2 pontos para 59,6.

Melhor trimestre para produção

O economista responsável pela pesquisa, Renato Fonseca, explicou que, apesar da queda de 54,3 pontos para 48,7 pontos no indicador de evolução da produção do quarto trimestre de 2003 para o primeiro de 2004, o resultado divulgado hoje é o melhor para os primeiros três meses do ano desde 2000, último ano em que houve crescimento econômico significativo no país (em torno de 4%). Em janeiro do ano passado, esse indicador ficou em 43 pontos.

Segundo ele, a redução do nível de atividade no primeiro trimestre do ano é considerada normal devido à sazonalidade da indústria.

No indicador de faturamento, apesar de ter apresentado queda de 54 pontos no trimestre anterior, para 47,6 pontos na pesquisa divulgada hoje, o resultado também foi o melhor desde o primeiro trimestre de 2000, quando ficou em 49,4.

O emprego industrial manteve-se praticamente estável de um trimestre para o outro, com 49,2 pontos no primeiro trimestre, contra 50,1 pontos no período anterior. No primeiro trimestre de 2003, o indicador estava em 46,9 pontos.

Fonseca destacou, entre os números da pesquisa, a redução dos estoques de produtos finais, que estiveram elevados no ano passado, para níveis próximos do planejado pelas indústrias, ou seja, 50,6 pontos. Isso significa, segundo ele, que uma retomada na atividade econômica terá, certamente, impacto na produção industrial.

No caso dos estoques de matérias-primas, também baixos e próximos do nível planejado, revelam o impacto da alta do custo desses produtos, que provocou o adiamento de compras pela indústria, o que forçará uma recomposição para acompanhar o crescimento da produção.

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