Reajustes salariais na construção pressionam IGP-M

Uma combinação de fatores envolvendo preços da construção civil, do atacado e do varejo levaram à taxa maior de inflação na primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de junho, que subiu 0,31%, ante queda de 0,19% apurada na primeira prévia do mesmo indicador em maio. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, a elevação intensa nos preços da mão-de-obra na construção civil, a alta nos preços dos produtos agrícolas no atacado e alimentos mais caros no varejo conduziram o término da deflação na primeira prévia.

O economista informou que cerca de dois terços da taxa de 0,31% foram causados pela alta de 1,79% registrada pelo INCC, indicador da construção civil. "O INCC foi a grande estrela nesse IGP-M", disse Quadros. Ele explicou que, nesta época do ano, ocorrem as resoluções de dissídios salariais em várias capitais do País – incluindo São Paulo, a de maior peso na formação do índice. Ainda segundo o economista, houve resolução de dissídios salariais em cinco localidades: Distrito Federal, Goiânia, Florianópolis, Fortaleza e, é claro, São Paulo. "Foi São Paulo a capital que fez toda a diferença, e foi o principal fator para a aceleração nos preços de mão-de-obra na construção", disse, lembrando que a elevação nos preços desse segmento passou de 0,28% para 3,04%, da primeira prévia de maio para a primeira prévia em junho.

"Mas o que aconteceu hoje, esse impacto do INCC no IGP-M, foi totalmente previsível", disse, considerando que há algum tempo, a taxa do INCC sempre se eleva nessa época do ano, devido aos dissídios salariais. Em junho do ano passado, o INCC subiu 1 80%; em junho de 2005, teve alta de 2,10%.

Embora a influência do INCC tenha sido expressiva na formação do resultado mais elevado da prévia de junho do IGP-M, as influências do atacado e do varejo na aceleração da taxa da primeira prévia não podem ser desprezadas. Quadros considerou que o IPA (Índice de Preços por Atacado), de maior peso na formação do IGP-M, saiu de uma queda de 0,37% para uma alta de 0 15%, na prévia anunciada hoje. Isso porque a deflação nos preços dos produtos agrícolas perdeu força (de -2,32% para -0,02%). Os destaques ficaram por conta das elevações de preços em soja (3 72%) e leite in natura (4,36%).

Já no varejo, houve o fim da queda dos preços dos alimentos (de -1% para 0,08%), principal fator para a aceleração na taxa do IPC (de -0,02% para 0,14%). Segundo Quadros, as altas de preço no setor alimentício, no âmbito do consumidor, estão bem espalhadas – e vão desde alimentos in natura a alimentos processados.

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