A queda de 11,3% na produção industrial em São Paulo em abril ante igual mês do ano passado, a maior neste confronto desde junho de 2009, estendeu-se por 17 das 18 atividades investigadas na região. Trata-se do recuo mais generalizado na indústria paulista em toda a série histórica, iniciada em 2002, afirmou nesta terça-feira, 9, o técnico Rodrigo Lobo, da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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“Esta é a primeira vez na série da produção industrial de São Paulo em que isso acontece. É uma queda generalizada entre as atividades”, contou Lobo. Segundo ele, apenas o segmento de minerais não-metálicos avançou em abril ante abril de 2014, com ganho de 2,3%, puxado pela produção de cimentos. Mas o técnico ponderou que não se trata de um destaque, pois o setor vem de uma base de comparação muito baixa.

O resultado ruim no mês de abril ainda levou a produção em São Paulo a registrar, em abril, a 14ª queda consecutiva na comparação com igual mês do ano anterior, algo também inédito na série. Setores como têxtil, vestuário, máquinas e equipamentos e veículos sustentam a mesma sequência negativa. “Essas duas últimas atividades costumam influenciar bem mais a queda da indústria como um todo em São Paulo”, disse Lobo.

Mas alguns segmentos vão além. A atividade de outros produtos químicos está no vermelho há 18 meses, enquanto a fabricação de produtos de metalurgia acumula perdas há 17 meses.

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“A perda da renda das pessoas, seja por menor crescimento do salário nominal ou por aumento da inflação, acaba reduzindo demanda por produtos industriais. Além disso, o aumento da taxa de juros, que repercute no encarecimento do crédito e já pressiona negativamente o poder de compra das famílias, é perverso também com os empresários, uma vez que reduz perspectiva de fazer novos investimentos. A taxa de câmbio está relativamente desvalorizada, mas ao mesmo tempo a demanda do exterior não é tão robusta”, justificou o técnico do IBGE.

Na série com ajuste sazonal, é possível identificar que a indústria de São Paulo opera 17,6% abaixo do pico histórico de produção, atingido em março de 2011. Apenas em abril, o recuo da atividade na região foi de 3,6% na comparação com o mês anterior. “As atividades que mais explicam essa perda da produção industrial são veículos, equipamentos de informática, máquinas e equipamentos e perfumaria, sabões e produtos de limpeza”, listou Lobo.

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