Quando 2004 chegar preço do gás natural vai baixar

Para os consumidores de gás natural do Paraná, 2004 começa com uma boa notícia: o preço do produto deve baixar no dia primeiro de janeiro. “Espero que a Petrobras dê condição de pelo menos 10% de redução real, não um desconto temporário”, disse o presidente da Compagás (Companhia Paranaense de Gás), Rubico Camargo, em entrevista a O Estado. O preço de compra do gás é dividido em dois componentes: a molécula e o transporte da Bolívia, cada um pesando 50%. Segundo Camargo, a previsão de queda está baseada na redução na cotação do dólar neste ano – que influencia tanto o valor do gás quanto a tarifa de transporte.

O preço do gás propriamente dito é calculado a partir de uma fórmula onde entra a variação cambial e a variação de uma cesta de óleos no mercado internacional. “Em 2003, o dólar perdeu quase 20%, apesar de o barril de petróleo ter subido quase na mesma proporção – da média de US$ 26 para US$ 31, diminuindo o ganho”, aponta Camargo. “Mesmo assim, nossa expectativa é de redução, porque se não tiver reajuste no dólar e no barril de petróleo, teremos ganho no transporte. E sempre que tivermos ganho na compra, vamos repassar para o cliente”, promete o presidente da Compagás. “Somos uma empresa pública, com preço controlado pelo governo. Nossa margem será sempre pequena”.

Para o cálculo do preço do transporte do gás natural, explica Camargo, a cotação do dólar no dia primeiro de janeiro é utilizada como referência para o ano todo. “No transporte, estamos pagando o dólar de R$ 3,60, quando hoje o dólar está em R$ 2,90. Já estamos começando a ficar com crédito junto a Petrobras”, cita. Segundo o presidente da Compagás, isso significa que no dia primeiro de janeiro de 2004 a conta gráfica apontará esse crédito por causa da baixa do dólar. Camargo descarta qualquer possibilidade de alta dos preços do gás natural, conforme especulações do mercado. “Não temos nenhuma previsão de aumento. Ao contrário, trabalhamos com a possibilidade de redução e vamos repassar para os clientes”, frisa.

Tarifas

Depois de acumular alta de mais de 73,6% de janeiro de 2002 a abril deste ano – gerando críticas por parte da indústria cerâmica de Campo Largo, um dos maiores consumidores de gás natural – neste ano o preço do produto subiu menos: 20%. “No atual governo, houve apenas um reajuste de 2,61% em maio e em janeiro foi retirado o desconto de 10% dado no ano passado”, comenta Camargo, ressaltando que em março estava previsto um reajuste de 16%, que acabou não acontecendo devido à interferência política dos três governadores do Sul junto ao presidente Lula.

Camargo destaca ainda que a Petrobras está vendendo a molécula de gás comprada da Bolívia a preço inferior ao da compra. “Isso foi uma conquista dos três governadores do Sul, liderados por Roberto Requião”, diz. Segundo Camargo, a Compagás não pratica nem 60% da tarifa autorizada pelo governo do Estado “porque entendemos a dificuldade do mercado e queremos o cliente satisfeito e consumindo mais”.

Apesar das reclamações de alguns setores em relação ao preço do gás natural, o presidente da distribuidora de gás do Paraná destaca que a variação é inferior ao do GLP (gás liqüefeito de petróleo), que no ano passado subiu 156% e neste ano mais 8,31%, enquanto o gás natural teve alta de 44% em 2002 e 20% em 2003. “O metro cúbico de GLP custa R$ 1,57, enquanto a tarifa média do gás natural é de R$ 0,7562”, compara Camargo.

A tarifa da Compagás é baseada em níveis de consumo. Quem consome mais, paga menos. No setor industrial, a tarifa média em outubro foi R$ 0,7245. O gás natural veicular sai da Compagás a R$ 0,6064 o metro cúbico. Com as margens da distribuidora e do posto, chega nas bombas a R$ 1,19. Mesmo assim, diz Camargo, é a opção mais econômica. “Para rodar 100 quilômetros/dia, um Santana gasta R$ 21 de gasolina, R$ 17 de álcool e R$ 11 de gás natural”. Cerca de 8 mil veículos em Curitiba já fizeram a conversão para gás natural.

Expansão

Outro motivo para forçar a redução do preço do gás, conforme o presidente da Compagás é a descoberta de gás natural na Bacia de Santos. “A reserva leva seis, sete anos para chegar ao mercado. Mas para abrir mercado e conquistar consumidores, processo que leva dois a três anos, a Petrobras terá que reduzir preços”, salienta Camargo. “O governo brasileiro já acenou com essa possibilidade, dizendo que quer aumentar a participação do gás natural na matriz energética. Para que isso aconteça, é preço condição de preço e investimento em infra-estrutura. A Petrobras está trabalhando nisso.”

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