Publicidade não é sinônimo de produtividade

“Quem mais divulga é quem menos faz”. Com essa frase, o professor e renomado consultor Stephen Kanitz definiu o que está acontecendo nas empresas que hoje buscam a responsabilidade social. Kanitz participou ontem, em Curitiba, do encerramento do Fórum Paranaense de Administração, realizado no Teatro Fernanda Montenegro, que também contou com a participação de Gustavo Franco e de Waldez Ludwig.

Stephen confirmou que as empresas realmente estão buscando uma participação na área social, mas não da maneira correta. Com ampla experiência na consultoria, o palestrante afirmou que apenas 1% dos lucros de algumas empresas são destinados para uma instituição. E desse montante, 0,1% da receita são destinados a instituição em si, ou seja, os 0,9% restantes, são gastos em publicidade. “É aí que mora o problema. O número de empresas apostando na responsabilidade social aumentou, mas até que ponto elas realmente colaboram? Geralmente uma empresa que doa boa parte para as instituições não tem o seu nome revelado, e nem quer uma divulgação. Para que gastar dinheiro com propaganda, se quem precisa não vai estar recebendo”.

Agindo dessa maneira, afirma Sthepen Kanitz, o campo das doações e da atuação na área social se transforma num processo mercadológico. “Cada vez mais as empresas estão usando a responsabilidade social como ferramenta de divulgação de seus produtos. O consumidor vai perceber que tal mercadoria está vinculada a uma instituição e isso chama realmente a atenção”. O palestrante levantou outra questão. “As empresas que adotam a responsabilidade social sempre aliam sua imagem à uma causa já conhecida e muito divulgada. Porque outras instituições sem fins lucrativos, como as que colaboram com os idosos, os leprosos, contra o abuso sexual, entre outras, não recebem o mesmo apoio?” Dentro de suas palestras, Kanitz mostra como as instituições podem ser ajudadas, sem exclusão. É dessa maneira que o palestrante quer mudar o quadro das empresas. “Você pode ter um outdoor da AACD, ou contra o abuso sexual, e o nome da sua empresa estará na divulgação. Só não precisa ser o foco principal, como acontece geralmente nos anúncios publicitários de hoje.”

Sthepen apóia os empresários que sabem como tratar a responsabilidade social, e mostra em suas palestras a importância de ter seriedade para se tratar desse assunto. O palestrante desenvolveu um site específico para a filantropia realizada em todo o território nacional, tratando da responsabilidade social exercida pelas empresas. Serviço: www.filantropia.org.br (Rubens Chueire Junior)

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