Apontada como principal medida para recolocar as contas públicas em equilíbrio, a reforma da Previdência deve seguir num ritmo mais lento do que o desejado pela área econômica do governo. A expectativa era que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, apresentasse as linhas gerais de uma proposta na reunião do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social, marcada para a próxima quarta-feira. Mas nesta quinta-feira, 11, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, informou em nota que a pauta principal do encontro são medidas para a retomada do crescimento econômico. Não está prevista nenhuma discussão de conteúdo sobre a reforma da Previdência.

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Pelo previsto, os integrantes deverão tratar apenas de um calendário de discussões sobre o tema.

Segundo Rossetto, o governo ainda não tem uma proposta consolidada de reforma da Previdência, e sim estudos e reflexões. “Existem várias alternativas. Vamos tratar esse assunto com a responsabilidade e com a amplitude social que ele exige. Nossa meta é consolidar uma Previdência que seja justa e sustentável”, disse.

Essa é uma disputa já se instalou nos bastidores há algum tempo. De um lado, a equipe de Barbosa corre contra o tempo para encaminhar ao Congresso uma proposta de reforma que dê um horizonte de reequilíbrio nas contas da Previdência. Do outro, Rossetto defende uma discussão sem pressa.

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Ainda que haja dificuldades de avançar com ela no Legislativo, a reforma é considerada pela área econômica uma sinalização importante para o mercado, por representar uma perspectiva de freio no crescimento das despesas.

Essa reforma é importante também para dar suporte à proposta do governo de “ressuscitar” a Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), cuja arrecadação é esperada para fechar as contas ainda este ano. Especialistas dizem que a recriação do tributo de nada adiantará, se não houver outras medidas destinadas a conter o avanço dos gastos. E a reforma previdenciária é considerada central.

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O senso de urgência de quem olha para a situação das contas públicas, porém, não encontra eco no Ministério da Previdência. Rossetto acha que a reforma precisa ser discutida com cuidado. Em entrevista publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” em 3 de fevereiro, ele disse que é preciso separar o problema conjuntural do debate de médio e longo prazos. “Estamos falando da expectativa de milhões de brasileiros.”

De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência, a pauta principal do Fórum é a retomada do crescimento. O governo deverá dar uma resposta a sindicalistas e empresários sobre o documento Compromisso pelo Desenvolvimento, entregue à presidente Dilma Rousseff em dezembro passado. Ele traz sugestões como a retomada dos investimentos públicos, maior oferta de capital de giro para empresas e estímulos ao consumo.