A proposta que pretende tirar as “amarras” do Orçamento da União, de Estados e municípios e ampliar os repasses de recursos para os governos regionais deve chegar ao Senado no início de abril, prevê o líder do governo na Casa, Fernando Bezerra (MDB-PE). O ministro da Economia, Paulo Guedes, revelou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que pretende enviar logo a proposta para tramitar com a reforma da Previdência, só que começando pelo Senado. Um dos alvos da medida, segundo apurou a reportagem, deve ser o porcentual mínimo de gastos em saúde e educação.

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A tramitação da proposta contará com o apoio de uma Frente Parlamentar Mista do Pacto Federativo, que será lançada na quarta-feira, 13.

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A intenção é dar maior liberdade na hora de gastar, pois hoje nem sempre é possível priorizar as urgências pela obrigação de cumprir porcentuais mínimos de gastos em determinadas áreas. Na União, as despesas não obrigatórias representam apenas 9% do Orçamento total de R$ 1,4 trilhão, e o Congresso Nacional nem pode dispor de tudo porque gastos para manutenção da máquina são tidos como essenciais.

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Com essa medida, nem toda despesa poderá ser decidida de forma discricionária, uma vez que alguns gastos continuarão sendo obrigatórios em qualquer contexto, como benefícios previdenciários e salários de servidores.

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Aroldi, diz que aguarda a proposta final para avaliar a medida, mas indicou que as prefeituras são favoráveis à maior repartição de recursos.

Apoio

O líder do governo no Senado também disse que a iniciativa tem apoio e simpatia de governadores e prefeitos. Segundo Bezerra, o ambiente para a apresentação da proposta ainda está sendo construído, e há a expectativa de que Guedes vá ao Senado ainda esta semana para debater a iniciativa.

“Os Estados e municípios acabam tendo pouca autoridade sobre o seu Orçamento, o que torna muito difícil revisar prioridades”, disse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). No entanto, outro governador, do Nordeste, afirmou que a medida não ajuda os Estados no curto prazo e disse ser contra a desindexação do salário mínimo.

Bezerra reconheceu que a medida é polêmica. Técnicos do Congresso também alertam para a dificuldade de aprovar uma PEC que mexa nos mínimos constitucionais e ainda promova a “desindexação”, que no limite significaria nenhuma obrigação de reajuste em benefícios e salários.

A avaliação, no entanto, é que a medida tem chance de aprovação. A PEC terá o apoio da frente mista, que tem a adesão de mais de 250 congressistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.