Produtores de tangerina protestam contra restrição

Uma reunião, amanhã em Brasília, deve definir o futuro das medidas que proibiram o comércio interestadual de frutas cítricas com ramos e folhas. As regras, adotadas este ano em todo o País e também internamente, no Paraná, vêm causando preocupação dos produtores de tangerina do Vale do Ribeira.

Eles estão sentindo o impacto das normas às vésperas do início da colheita, e reclamam que tanto os trabalhos como as vendas podem ser prejudicados. As medidas dos governos federal e estadual visam evitar a disseminação da praga denominada “pinta preta dos citros”.

A doença, que não tem impacto na saúde humana mas prejudica a produtividade, é transmitida pelos galhos e folhas, normalmente transportados junto com os frutos. No Vale do Ribeira – maior produtor nacional da variedade poncã -, a praga foi detectada há alguns anos, e sua erradicação ainda não foi confirmada.

Segundo o secretário da Agricultura de Cerro Azul, João Carlos Hilman, os produtores, acostumados a colher as frutas com ramos e folhas, não tiveram tempo de se adaptar às novas medidas.

Além disso, muitos compradores – principalmente de Santa Catarina – exigem o produto daquela forma. “Os ramos e folhas protegem a fruta por mais tempo, e ela também fica mais bonita nas gôndolas dos mercados”, afirma.

Para Hilman, que pede bom senso da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), a aplicação da medida causaria um “caos social” no município, que deve colher entre 5 e 6 milhões de caixas de poncã este ano.

“São mais de 2 mil famílias envolvidas, fora os empregados temporários”, lembra, explicando que são necessários cursos de capacitação para que todos se adaptem às regras.

De acordo com o diretor do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária da Seab, Silmar Burer, a medida é necessária para evitar a dispersão do agente causador da praga, já que outras regiões com grande produção de cítricos, como o Norte Pioneiro, até hoje não foram afetadas pela doença.

Ao mesmo tempo, ele esclarece que não é intenção da Secretaria inviabilizar a atividade no Vale do Ribeira, e diz que possíveis mudanças nas regras dependem do resultado da reunião de amanhã.

O presidente do Sindicato Rural de Cerro Azul, Ricardo Oliveira, espera que a Seab relaxe as regras, ao menos para a safra deste ano. “Cerro Azul teve a ‘pinta preta’, mas a praga não é grave e está controlada na região”, afirma. Enquanto isso, resta aos produtores do Vale do Ribeira cumprir as regras, ou arriscar, contando com a sorte de não passar por nenhuma fiscalização.